Resumo crítico do livro Era no tempo do rei de Luiz Antonio Aguiar

Resumo crítico do livro Era no tempo do rei de Luiz Antonio Aguiar

AGUIAR, Luiz Antonio Era no tempo do rei: editora Ática. São Paulo, 2005

Conforme a leitura depreendida deste livro, o jovem Leonardo, que era um dos personagens centrais da narrativa, queria apenas fazer bonito para Izabel, sua amiga desde tenra idade. No entanto acontece um imprevisto: bate o carro de seu pai, que quase tem um ataque. Como ele ainda não trabalhava, aceita a tarefa de ler livros para a avó de Izabel, dona Sofia, que é deficiente visual, a fim de pagar o conserto. Concomitantemente enquanto se desenrola o enredo, na obra que lê -Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida- encontra outro Leonardo tão aprontador como ele. E, com o contato com a literatura e com dona Sofia, passa a encarar a vida de outro modo. “E Izabel disse: - Leonardo você sabe o que eu faço no final da tarde, não é? Aquele meu trabalho com a vovó? – Você fica lá lendo, né? –isso. Só que agora estou organizando um sarau de poesia lá no colégio. E não tenho tempo para mais nada. Fico com pena de largar o trabalho de ledora porque a vovó realmente adora essas sessões de leitura e porque a grana é legal”. Daí... Estava lá o Leonardo do nosso tempo lendo para dona Sofia Memórias de um sargento de milícias, cujo herói era outro Leonardo, iniciando sua vida lá no comecinho do século XIX... [...] o menino não desmentiu aquilo que anunciara desde que nasceu: atormentava a vizinhança com um choro sempre em oitava alta [...] e era estranhão até não poder mais. Logo que pode andar e falar tornou-se um flagelo; quebrava e rasgava tudo que lhe vinha à mão. Tinha uma paixão decidida pelo chapéu armado do Leonardo; se este deixava por esquecimento em algum lugar ao seu alcance, tornava-o imediatamente, espanava com ele todos os móveis, punha-lhe dentro tudo que encontrava, esfregava-o em uma parede, e acabava por varrer com ele a casa [...] A Maria não lhe perdoava; trazia-lhe bem maltratada uma região do corpo; porém ele não se emendava, que era também teimoso, e as travessuras recomeçavam mal acabava a dor das palmadas. Assim chegou aos sete anos. [...] O processo intertextual se dá exatamente na relação do personagem da obra Memórias de um sargento de milícias, Leonardo, com o personagem do livro Era no tempo do rei, que ora se resenha; isto é, no diálogo entre os personagens de diferentes épocas. Em Memórias, encontramos historicamente a vinda da Família Real para o Brasil, no tempo em que D. João VI refugiou-se no Rio de Janeiro início do século XIX. Apresenta, ainda, a vida suburbana do Rio de Janeiro, onde os subúrbios cariocas constituem o espaço esti¬lizado, em contraste com a vida da corte, que normalmente surge em obras do Romantismo. A linguagem é basicamente popularesca, coloquial. Traz, em sua essência, traços carnavalizados, como o contraste entre as propostas de seriedade e ordem e os momentos de completa desorganização. Enquadram-se, ainda, como componentes dos referidos traços, a forte presença do humor na obra. O caricatural, o que faz rir, a ironia, misturam-se em um conjunto que retrata o ridículo de diversas situações retratadas.

Bibliografia

AGUIAR, Luiz Antonio. Era no tempo do rei: editora Ática. São Paulo, 2005 p. 39, 40

ALMEIDA, Manuel Antônio de. Memórias de um sargento de milícias: editora Klick. São Paulo, 1998

Josinei Azeredo
Enviado por Josinei Azeredo em 12/04/2013
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