Contos Crônicos (EC)
Minha amiga (o) culta enviou um presente para mim no Natal. Presente para mim? Perguntei, encantada. Dois livros – os seus Contos Crônicos 1 e 2. Sei que nem preciso dizer o nome de minha amiga, pois todos do RL já sabem quem é. Na dúvida, para algum leitor caindo de para quedas aqui, eu digo – Nena Medeiros.
Fiquei impressionada com A eficiência dos Correios que sem nenhum Desencontro logo colocou esses livros em minhas mãos. Mas não é de se espantar porque Nena trabalha lá e não seriam suas encomendas que ficariam ao Deus dará, o que na verdade em relação a mim sempre acontece já que só estou em casa Na hora do almoço e é nessa hora que quase tudo está Fechado para o almoço.
Contos Crônicos Contos e Crônicas. Onde se encontra a delimitação entre esses dois gêneros literários eu não sei e acho que Nena também não, mas não é falta grave, pois Clarice Lispector também não sabia e certamente isso não tem a menor importância. Relevante é perceber a qualidade literária dessa escrita saborosa, moderna, atuante e profundamente ligada à vida. Nena é uma observadora atenta de tudo que acontece a sua volta e dentro de si mesma. Não raro percebemos claramente que muitas histórias dizem respeito a sua realidade, foram vividas por ela mesma ou foi alguém bem próximo que lhe deu o mote. Ela apenas as transforma com sua mente extremamente criativa e bem humorada.
O novo Ministro da Pesca disse que nem sabe por a isca no anzol. Melhor faria a Dilma se tivesse colocado a Nena em seu lugar – ela faz isso muito bem. Nós, os peixes leitores vamos nos aproximando lentamente dos textos de Nena e de repente eis que estamos completamente fisgados – ela conta a história de uma forma bem simples e a gente tem certeza de como vai acabar – é aí que ela lança a isca e somos surpreendidos por um desfecho que nos deixa de boca aberta, às vezes quase engasgando – ora prendendo o riso, ora o pranto, mas na maioria das vezes deixando-os soltos, elementos da catarse que certamente ela experimentou ao escrever suas histórias.
Os livros de Nena parecem fazer parte de uma Coleção. Eu pelo menos pensei assim. As capas são semelhantes, mas em cores diferentes e eu já estou vendo um arco-íris em minha prateleira de livros especiais – os autografados. Os escritos por pessoas amigas – os livros do coração. Nos Contos Crônicos encontro além das histórias da Nena, palavras de outras pessoas queridas: Maria Iaci, escreveu o prefácio do 1 e na contra capa encontrei a Zélia Freire e a Rosa Pena.
Precisamos conversar então sobre as histórias que conta – algumas assombrosas, como Areia. Daria um belo curta metragem. Almas Gêmeas, sinopse para uma novela. Entre o sonho e o pesadelo, um verdadeiro nó na garganta. Perdida no Vaticano me fez lembrar que não cheguei a tanto, mas quase. Em determinado momento ela afirma coisas que as pessoas apaixonadas não acreditam – Grandes amores também podem morrer. Ao falar de outubros me fez lembrar de certo setembro. Explicou, segundo a voz do povo, a diferença entre medo e pânico e logo a seguir pergunta se Papai Noel existe, na maior candura. Fala sobre os catecismos de Carlos Zéfiro, conta a história real de Ruth que também é Jeniffer, descobriu que O amor é salgado,ouviu Tiros no bar, ouviu também a freirinha equivocada dando conselhos, contou uns segredinhos de Adão, que julgávamos um homem fiel, por falta de opção, resolveu uma caso de endereço trocado com a ajuda da Mona Lisa e ainda por cima nos contou sobre um romance que eu acreditava improvável: Capitu e Otelo, um romance de dar inveja a Nelson Rodrigues e continuou se inspirando em Shakespeare através de uma eterna dúvida. Levou ainda duas velhinhas para pagarem mico em Nova York, viajou para a Tanzânia e certa de que Amar só faz bem contou ainda a história daquele admirador anônimo que gemia ao telefone.
Histórias surpreendentes são intercaladas por textos curtíssimos e não menos surpreendentes, alguns de uma beleza invejável, como Café Amargo, alguns curtíssimas, como essa – Tirei de minha tudo o que me enchia/até que fiquei sozinha/Vazia. Ou:Feia, triste e bem careta/Foi se esconder num casulo/Amanheceu borboleta.
Em O organizador do Bolão eu fiquei triste porque lembrei-me de Delly Leão Guimarães, uma das pessoas mais mansas que conheci na vida e que morreu mês passado, com mais de noventa anos. Durante todos os anos que trabalhei na Casa da Cultura ele semanalmente passava lá para nos vender uma cota do bolão que organizava há anos – com ele, uma das pessoas mais queridas da Rua Santana, se foi a minha esperança de ficar rica.
Eu não saberia dizer qual a melhor história, mas não posso negar o encanto de Na hora do almoço,pura fantasia a moda de um de meus escritores de ficção científica favorito : Ray Bradbury. Também gostei muito de saber que A greve dos Anjos não mais fará nenhuma diferença em nossas vidas porque foram convocados substitutos a altura.
Uma das paixões de Nena são os animais e foi um pouco por causa dela que essa paixão também hoje me envolve – adotei dois pequenos schnauzers, encantada com o amor que ela destina aos cães. É lógico então que tenha escrito sobre eles, cães e outros animais porque uma coisa que ela conhece bem é Vida de cachorro. De uma forma que eu não quero conhecer porque sou medrosa nessas questões – vai que eu não me lembre de como desfazer a curtição.
Bem no comecinho do segundo volume ela nos mostrou como é possível um tiro sair pela culatra e como no ímpeto da vingança às vezes a gente consegue dar um tiro no próprio pé. Comprovou que Deus é realmente brasileiro, andou No ônibus do Ministério,foi nO Show e ensinou como não tirar A marca do batom. Translumbrada nos contou sobre um ridículo Strip Tease e Com a bunda de fora fez uma Celeuma no hospital.
Que susto! Não grita! Pareceu-me ouvir a voz dela me mandando parar de desnudar seus livros porque assim, contando tudo, tiro o fator surpresa que tanto me encantou. E eu aqui pensando que estava realizando O plano quase perfeito para tornar os livros dela Best-sellers internacionais ! Ah, meu Bom Jesus e eu cipelo meu corpo cansado que não cansa de pedir: Deixa eu dormir.
Fiquei alegre ao descobrir que A Profecia Maia não funciona e por isso o mundo não vai acabar este ano e assim teremos muito tempo ainda, eu e ela, de escrevermos belas histórias e fazermos livros, pois só assim poderemos gravar Nossos nomes em cimento fresco e passar para a galeria da fama em uma calçada qualquer. Ei, Qual é a sua? Novamente minha ilusão auditiva me faz ouvir perguntas que não foram feitas e eu, sem dar atenção grito: Eureka! Foi lendo um desses livros que aprende que Gosto de ser Mulher que preciso por meus Pecados na Balança porque são eles que estão atrofiando os meus sentidos e me fazendo ficar louquinha para dizer Adeus, quando ainda não falei sobre O Casamento, nem sobre os Amantes , nem sobre A viúva falsa.
Mas estou aqui pensando que o encanto desses dois livros não Depende nem um pouco do que escrevo ou deixo de escrever sobre eles e assim sendo acho melhor mudar de assunto e escrever, quem sabe, sobre o Vampiro e a Rosa, afinal são apenas mais Dois dedinhos de prosa e eu já estou indo embora. Só torno a lembrar a leitura desses contos que são também crônicas me fez descobrir um vício que se tornou crônico – eu não consigo mais parar de ler a Nena.( Mas isso não é vício, é virtude.)
Leia as outras autoras, identificadas pela sigla EC, na frente do texto postado
Este Exercício Criativo, publicado em 05/03/2012, reuniu as escritoras em uma brincadeira de amigo oculto. Cada uma presenteou outra com um livro e, agora, publicamos as Resenhas.
Minha amiga (o) culta enviou um presente para mim no Natal. Presente para mim? Perguntei, encantada. Dois livros – os seus Contos Crônicos 1 e 2. Sei que nem preciso dizer o nome de minha amiga, pois todos do RL já sabem quem é. Na dúvida, para algum leitor caindo de para quedas aqui, eu digo – Nena Medeiros.
Fiquei impressionada com A eficiência dos Correios que sem nenhum Desencontro logo colocou esses livros em minhas mãos. Mas não é de se espantar porque Nena trabalha lá e não seriam suas encomendas que ficariam ao Deus dará, o que na verdade em relação a mim sempre acontece já que só estou em casa Na hora do almoço e é nessa hora que quase tudo está Fechado para o almoço.
Contos Crônicos Contos e Crônicas. Onde se encontra a delimitação entre esses dois gêneros literários eu não sei e acho que Nena também não, mas não é falta grave, pois Clarice Lispector também não sabia e certamente isso não tem a menor importância. Relevante é perceber a qualidade literária dessa escrita saborosa, moderna, atuante e profundamente ligada à vida. Nena é uma observadora atenta de tudo que acontece a sua volta e dentro de si mesma. Não raro percebemos claramente que muitas histórias dizem respeito a sua realidade, foram vividas por ela mesma ou foi alguém bem próximo que lhe deu o mote. Ela apenas as transforma com sua mente extremamente criativa e bem humorada.
O novo Ministro da Pesca disse que nem sabe por a isca no anzol. Melhor faria a Dilma se tivesse colocado a Nena em seu lugar – ela faz isso muito bem. Nós, os peixes leitores vamos nos aproximando lentamente dos textos de Nena e de repente eis que estamos completamente fisgados – ela conta a história de uma forma bem simples e a gente tem certeza de como vai acabar – é aí que ela lança a isca e somos surpreendidos por um desfecho que nos deixa de boca aberta, às vezes quase engasgando – ora prendendo o riso, ora o pranto, mas na maioria das vezes deixando-os soltos, elementos da catarse que certamente ela experimentou ao escrever suas histórias.
Os livros de Nena parecem fazer parte de uma Coleção. Eu pelo menos pensei assim. As capas são semelhantes, mas em cores diferentes e eu já estou vendo um arco-íris em minha prateleira de livros especiais – os autografados. Os escritos por pessoas amigas – os livros do coração. Nos Contos Crônicos encontro além das histórias da Nena, palavras de outras pessoas queridas: Maria Iaci, escreveu o prefácio do 1 e na contra capa encontrei a Zélia Freire e a Rosa Pena.
Precisamos conversar então sobre as histórias que conta – algumas assombrosas, como Areia. Daria um belo curta metragem. Almas Gêmeas, sinopse para uma novela. Entre o sonho e o pesadelo, um verdadeiro nó na garganta. Perdida no Vaticano me fez lembrar que não cheguei a tanto, mas quase. Em determinado momento ela afirma coisas que as pessoas apaixonadas não acreditam – Grandes amores também podem morrer. Ao falar de outubros me fez lembrar de certo setembro. Explicou, segundo a voz do povo, a diferença entre medo e pânico e logo a seguir pergunta se Papai Noel existe, na maior candura. Fala sobre os catecismos de Carlos Zéfiro, conta a história real de Ruth que também é Jeniffer, descobriu que O amor é salgado,ouviu Tiros no bar, ouviu também a freirinha equivocada dando conselhos, contou uns segredinhos de Adão, que julgávamos um homem fiel, por falta de opção, resolveu uma caso de endereço trocado com a ajuda da Mona Lisa e ainda por cima nos contou sobre um romance que eu acreditava improvável: Capitu e Otelo, um romance de dar inveja a Nelson Rodrigues e continuou se inspirando em Shakespeare através de uma eterna dúvida. Levou ainda duas velhinhas para pagarem mico em Nova York, viajou para a Tanzânia e certa de que Amar só faz bem contou ainda a história daquele admirador anônimo que gemia ao telefone.
Histórias surpreendentes são intercaladas por textos curtíssimos e não menos surpreendentes, alguns de uma beleza invejável, como Café Amargo, alguns curtíssimas, como essa – Tirei de minha tudo o que me enchia/até que fiquei sozinha/Vazia. Ou:Feia, triste e bem careta/Foi se esconder num casulo/Amanheceu borboleta.
Em O organizador do Bolão eu fiquei triste porque lembrei-me de Delly Leão Guimarães, uma das pessoas mais mansas que conheci na vida e que morreu mês passado, com mais de noventa anos. Durante todos os anos que trabalhei na Casa da Cultura ele semanalmente passava lá para nos vender uma cota do bolão que organizava há anos – com ele, uma das pessoas mais queridas da Rua Santana, se foi a minha esperança de ficar rica.
Eu não saberia dizer qual a melhor história, mas não posso negar o encanto de Na hora do almoço,pura fantasia a moda de um de meus escritores de ficção científica favorito : Ray Bradbury. Também gostei muito de saber que A greve dos Anjos não mais fará nenhuma diferença em nossas vidas porque foram convocados substitutos a altura.
Uma das paixões de Nena são os animais e foi um pouco por causa dela que essa paixão também hoje me envolve – adotei dois pequenos schnauzers, encantada com o amor que ela destina aos cães. É lógico então que tenha escrito sobre eles, cães e outros animais porque uma coisa que ela conhece bem é Vida de cachorro. De uma forma que eu não quero conhecer porque sou medrosa nessas questões – vai que eu não me lembre de como desfazer a curtição.
Bem no comecinho do segundo volume ela nos mostrou como é possível um tiro sair pela culatra e como no ímpeto da vingança às vezes a gente consegue dar um tiro no próprio pé. Comprovou que Deus é realmente brasileiro, andou No ônibus do Ministério,foi nO Show e ensinou como não tirar A marca do batom. Translumbrada nos contou sobre um ridículo Strip Tease e Com a bunda de fora fez uma Celeuma no hospital.
Que susto! Não grita! Pareceu-me ouvir a voz dela me mandando parar de desnudar seus livros porque assim, contando tudo, tiro o fator surpresa que tanto me encantou. E eu aqui pensando que estava realizando O plano quase perfeito para tornar os livros dela Best-sellers internacionais ! Ah, meu Bom Jesus e eu cipelo meu corpo cansado que não cansa de pedir: Deixa eu dormir.
Fiquei alegre ao descobrir que A Profecia Maia não funciona e por isso o mundo não vai acabar este ano e assim teremos muito tempo ainda, eu e ela, de escrevermos belas histórias e fazermos livros, pois só assim poderemos gravar Nossos nomes em cimento fresco e passar para a galeria da fama em uma calçada qualquer. Ei, Qual é a sua? Novamente minha ilusão auditiva me faz ouvir perguntas que não foram feitas e eu, sem dar atenção grito: Eureka! Foi lendo um desses livros que aprende que Gosto de ser Mulher que preciso por meus Pecados na Balança porque são eles que estão atrofiando os meus sentidos e me fazendo ficar louquinha para dizer Adeus, quando ainda não falei sobre O Casamento, nem sobre os Amantes , nem sobre A viúva falsa.
Mas estou aqui pensando que o encanto desses dois livros não Depende nem um pouco do que escrevo ou deixo de escrever sobre eles e assim sendo acho melhor mudar de assunto e escrever, quem sabe, sobre o Vampiro e a Rosa, afinal são apenas mais Dois dedinhos de prosa e eu já estou indo embora. Só torno a lembrar a leitura desses contos que são também crônicas me fez descobrir um vício que se tornou crônico – eu não consigo mais parar de ler a Nena.( Mas isso não é vício, é virtude.)
Leia as outras autoras, identificadas pela sigla EC, na frente do texto postado
Este Exercício Criativo, publicado em 05/03/2012, reuniu as escritoras em uma brincadeira de amigo oculto. Cada uma presenteou outra com um livro e, agora, publicamos as Resenhas.