Os Espiões - Luis Fernando Verissimo.
"Formei-me em Letras e na bebida busco esquecer."
Ás segundas, ainda de ressaca, jogava os manuscritos no lixo. Ás sextas, ficava de bem com a humanidade, pois saindo do trabalho iria direto para o bar do Espanhol tomar uma dose de esquecimento daquela semana tediosa e invisível, como todas as outras.
Sua mulher Julinha e seu filho João não falavam mais com ele e tinha que negociar com Black, o cachorro, o almoço de domingo.
O primeiro envelope branco chegou pelo correio em uma terça-feira e ainda com ressaca do fim de semana, quase jogou no lixo junto com os outros. Mas a letra com que fora endereçado o fez abrir o envelope. Sua intuição estava certa, havia algo de suplicante naquelas letras.
Ariadne era o título e seu nome. Inventado, talvez? Continuou lendo.
No primeiro texto, assim como nos outros, Ariadne nos conta sua história cercada de mistério, drama e um possível suicídio.
Não sabia como explicar, mas estava fascinado com o texto manuscrito e é assim que o autor nos leva para o começo do labirinto. Inspirado por John le Carré, ele vai convencendo seus amigos a acompanhá-lo numa missão: capturar Ariadne e salvar sua vida.
"Na mitologia grega, ela ajuda Teseu a sair do labirinto. Luis Fernando Vesíssimo cria uma Ariadne ao contrário, que vai enfeitiçando o protagonista e seus amigos de bar."
Os espiões desse livro são tipos excêntricos, como o professor Fortuna que diz estar escrevendo “uma resposta à ‘Crítica da razão pura’”, Fulvio Edmar autor de “Astrologia e amor”, o único best-seller da editora, e o revisor Joel Dubin.
Ao longo da história a cidade de Ariadne, Frondosa, torna-se o centro das atenções e aos poucos ganha outros personagens tão engraçados quanto os do início.
Chamada de Operação Teseu pelos pseudo-espiões, tem como base a esperança e quase certeza de que seria fácil manipular o destino.
Não era Ariadne que escrevia a história, era a história que escrevia Ariadne.
Sou fascinada pelos textos do Luis Fernando Verissimo e Os Esipiões foi o primeiro livro que li dele. A princípio, acreditei que fosse uma mistura de humor com mistério. E era. Só que menos humor e mais mistério. Apesar disso não me desapontou. Primeiro porque adoro mistérios e segundo porque conheci o outro lado desse monstro da literatura (no bom sentido, viu?) Que personagem obcecado! Entendo que sua vida era tediosa demais e como era instigante o mistério que a tal Ariadne criou, mas era também obcecado pela gramática e principalmente pelas vírgulas. É uma obra que nos prende do início ao fim, e que fim!