A POMBA E O CORVO
A pomba e o corvo são símbolos maçônicos por excelência. Esses dois pássaros são ícones representativos da dualidade que preside a formação do universo físico e espiritual. Essa dialética é patente em todo o catecismo maçônico. O universo, nesse contexto, é um resultado do embate entre a luz e astrevas, razão pela qual, o profano, que representa o irmão que ainda não foi iniciado é “aquele que caminha nas trevas e bate à porta do Templo à procura da luz.”. Iniciado, ele recebe a Luz na presença dos Irmãos e passa a ser, dali para frente, alguém que têm a Luz..
Toda a iniciação maçônica e sua jornada pelos trinta e três degraus da Escada de Jacó nada mais representa que uma jornada em busca da luz. Essa, aliás, é a meta de toda iniciação. Era essa a simbologia invocada pelos antigos egípcios quando se iniciavam nos Mistérios de Isis e Osíris; dos gregos quando se iniciavam nos Mistérios de Elêusis, dos persas nos Mistérios de Mitra, dos hindus nos Mistérios de Brhama, dos Templários em suas iniciações e até dos cristãos, quando celebram a morte e a ressurreição de Cristo. Em qualquer caso, trata-se sempre de vencer a escuridão e dela sair portando o archote da sabedoria (O Paladium).
Assim, esses dois pássaros são símbolos iconográficos dessas duas realidades que lutam no interior da matéria e no âmago do espírito humano. Evocam representações de Yang e Yin, do positivo e negativo, relatividade e gravidade, forças que, por serem contrárias entre si, mantém a vida do universo em equilíbrio.
Por isso, a pomba e o corvo são símbolos arcanos por excelência. Eles aparecem em todas as tradições antigas, especialmente naquelas relacionadas com temas gnósticos e esotéricos. Na Bíblia a pomba é a imagem cristã do Espírito Santo, que se manifestou por ocasião do batismo de Jesus, feito por João Batista, como a anunciar e confirmar a sua condição de Enviado de Deus.
Na simbologia do Velho Testamento ela aparece como mensageira da esperança. Foi uma pomba que anunciou a Noé o recuo das águas do dilúvio, trazendo no seu bico um ramo de oliveira. É também o símbolo da paz e da mansidão, qualidade do espírito sadio e confiante, que jamais recorre à violência para realizar seus planos.
O Corvo, que tradicionalmente evoca maus presságios, na simbologia do ensinamento maçônico ele evoca outras idéias. Ele é o símbolo da regeneração. Essa idéia provém da prática da Alquimia, onde esse pássaro é o anunciador de boas novas, pois indica que o composto filosófico está sendo produzido corretamente. A ”asa do corvo”, momento em que o composto assume uma coloração azul escura, de aparência metálica, é o sinal que a matéria putrefata começou a se regenerar, ou seja, que a semente da “nova vida” já começou a germinar na mistura alquímica.
Essa é a razão desse pássaro, cuja associação geralmente é feita com o mal, no magistério maçônico apresentar características benéficas de esperança, virtude e regeneração. Ele aqui simboliza a treva necessária que dá nascimento á luz.
O corvo é um símbolo que também tem implicações estratégicas nas leis da natureza. Por ser uma ave que se alimenta da carne putrefata, ele assume uma grande utilidade ecológica. Por essa razão também é evocado como um importante agente na luta que o maçom trava, individual e coletivamente, em si mesmo e na sociedade para eliminar um dos seus maiores e mais corrosivos males: a corrupção. Daí a importância da presença desses símbolos na iconografia do catecismo maçônico.
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Do livro "Mestres do Universo", biblioteca 24x7, São Paulo, 2010