Faça as Perguntas Certas e Viva Melhor

Amigos, este é um livro que mudou minha vida. Apesar de saber que o principal instrumento de um jornalista é a pergunta bem elaborada, eu não conhecia o poder de transformação do pensamento até conhecer este livro: não leia se achar que é apenas auto-ajuda, um termo até certo ponto preconceituoso pois, pode jogar em uma mesma cesta, bons e maus autores. Segue a introdução do livro e fica como sugestão de cabeceira.

Introdução

Você já teve a experiência de olhar para trás e dizer: “antes desse momento, minha vida seguia um caminho e, agora, segue outro”? Foi exatamente um momento como esse em minha vida que se tornou a semente deste livro e das técnicas e ferramentas que hoje chamo de Pensar com Perguntas. Depois de mais de vinte anos, ainda me lembro desse episódio com gratidão. O trabalho que ele inspirou teve grande impacto, não só em mim como também em outras pessoas. Eu gostaria de contar a história do momento que mudou minha vida.

Lembro-me dele como se fosse ontem. Estava ao telefone, conversando com o orientador de minha tese de mestrado, à espera de seus comentários sobre um trabalho que eu considerava o máximo. Prendendo a respiração, aguardava os elogios de Hallock. Mas, em vez disso, ele disse: “Marilee, isso é simplesmente inaceitável”.

Foi como um soco no estômago. Será que eu tinha ouvido bem? Naquela época, os comentários que me parecessem críticos geralmente me faziam chorar. Durante anos tentara calar meu crítico interior e me aceitar mais. Embora conseguisse algum progresso, não tive grandes provas de que meus esforços valessem a pena. Porém, naquele momento, aconteceu uma coisa que me pareceu um verdadeiro milagre.

Em vez da antiga reação lacrimosa, fiquei curiosa e calma. Com a maior tranqüilidade, respondi: “Tudo bem, como resolver isso?”.

A parte observadora que existe em mim viu aquilo tudo e perguntou, incrédula: “Essa aí sou eu? O que aconteceu? Como fui capaz de mudar de estado de espírito com tanta facilidade?”. Decidida a descobrir a resposta, também me perguntei: “Será que esse milagre aparente pode transformar-se num método para transmitir aos outros?”.

O que ocorrera, descobri, fora uma mudança fundamental nos tipos de pergunta que costumava fazer a mim mesma. Em geral, meu antigo eu fazia perguntas preocupadas, como: “Será que ele gosta de mim e me aprova?” ou “O que foi que eu fiz de errado?”. Meu novo eu me obrigou a começar a agir baseada em perguntas calmas e produtivas, como: “Como posso fazer esse trabalho? O que tenho a aprender?” ou “O que é possível fazer?”. Ao mudar os tipos de pergunta que fazia a mim mesma, mudei minha vida.

Até desenvolver a capacidade de provocar esse tipo de mudança, estamos à mercê das opiniões dos outros e dos caprichos de nosso estado de espírito. “A capacidade de mudar deliberadamente nossas perguntas internas põe, em nossas mãos, as rédeas de nossos pensamentos.” Este livro mostra como você pode fazer isso.

Faça as Perguntas Certas e Viva Melhor é a história de Ben Knight. Ele foi desafiado, aparentemente além de seus limites, por uma nova promoção a um cargo administrativo que implicava enorme responsabilidade. Convencido de que não tinha os requisitos necessários, pediu demissão. Nesse momento, sua diretora executiva entrou em cena e lhe deu uma segunda chance, apresentando-lhe Joseph Edwards, o coach indagador. O trabalho de Ben, entretanto, não era o único problema. Seu casamento também estava passando por uma fase difícil. Nas páginas que se seguem, você vai acompanhar Ben em suas transformações tanto no trabalho quanto em casa.

A história de Ben é apenas uma entre muitas, baseadas nas experiências pessoais que mulheres e homens me contaram ao longo dos anos. Agora mesmo, ao escrever estas palavras, lembro-me de uma mulher chamada Susan que participou de um de meus primeiros workshops. A história de Susan se destaca das outras porque ela passou por uma mudança drástica, parecida com a que eu tive com meu professor. No fim daquele workshop, perguntei se alguém queria fazer alguma pergunta. Susan levantou a mão, um pouco hesitante. Quando lhe perguntei do que se tratava, ela nos falou de um problema que estava enfrentando no trabalho. Susan explodiu: “Eu odeio meu chefe!”. Contou-nos, em lágrimas, que trabalhar com Phillip, o diretor da escola onde dava aulas, tornara-se insuportável. Embora adorasse ensinar, acreditava ser preciso abandonar o emprego.

Momentos antes, discutíramos o poder oculto das perguntas que fazemos a nós mesmos. Essas perguntas internas - questões dirigidas a nós mesmos - podem nos magoar ou nos ajudar, mesmo quando não as percebemos. Susan estava fazendo o tipo de pergunta que magoa. Chamo-a de pergunta problemática.

“Tudo parece tão impossível e complicado!” -, suspirou ela, sacudindo a cabeça em desespero.

Eu tentei tranqüilizá-la:

“Na verdade, esse método é muito mais fácil do que parece. ノ um processo de mudança que tem só dois passos: primeiro, identificar as perguntas que você vem fazendo a si mesma. Segundo, mudá-las se achar que perguntas diferentes podem dar resultados melhores”.

Em poucos minutos detectamos duas perguntas problemáticas de Susan. Ambas diziam respeito ao chefe: “O que ele vai fazer de errado desta vez?” e “O que ele vai fazer para me prejudicar?”.

Diante dessas perguntas problemáticas, era óbvio que o chefe de Susan não tinha a menor chance com ela. Elas criaram uma armadilha, da qual era impossível escapar: aos olhos dela, o chefe era simplesmente incapaz de fazer alguma coisa certa.

Depois que Susan identificou suas perguntas problemáticas, estávamos prontos para o segundo passo do processo. Precisávamos então de uma pergunta positiva para fazer a diferença que Susan tanto desejava. Ela necessitava de uma pergunta que a programasse para o sucesso, em vez de conduzi-la ao fracasso. Sugeri: “O que posso fazer para que meu chefe pareça um sujeito legal?”. Pensei que não aceitaria. Ela prometeu, porém, que tentaria fazer isso ao menos uma vez.

Meses depois, encontrei-me por acaso com Susan e seu marido, Carl, no supermercado. Reapresentei-me e lhe disse ter curiosidade de saber como estavam as coisas desde o workshop.

“Você gostaria de ouvir falar de um milagre?”, respondeu ela, com um sorriso enorme.

Três grandes mudanças haviam acontecido desde que nos conhecêramos: Susan recebera um aumento, fora promovida e estava trabalhando numa comissão com Phillip, o chefe antes tão odiado. Riu ao se lembrar de que, antes, evitava até mesmo permanecer na mesma sala em que ele estivesse.

A essa altura, Carl pôs o braço em volta dos ombros da esposa e comentou:

“O fato de Susan ter resolvido seu problema com o chefe trouxe paz a nossa casa. Antes do workshop, ela se queixava daquele sujeito todas as noites. Agora mal toca no nome dele. A vida ficou muito melhor para ela no trabalho e eu me sinto mais feliz porque as coisas estão perfeitas entre nós!”

Susan e Carl disseram várias vezes quanto aquilo tudo parecia miraculoso. Eu sabia, porém, que não era bem isso. Não era milagre. Era o método que eu criara depois daquele momento com meu professor, quando minhas novas perguntas mudaram drasticamente minha visão de mundo e de tudo o que era possível para mim.

As mudanças de muitas pessoas como Susan, assim como experiências semelhantes às minhas, convenceram-me a escrever este livro. Eu queria dividir os benefícios de Pensar com Perguntas com o maior número possível de pessoas. Sei que esse método dá resultado porque eu o apliquei a todas as etapas de minha vida. Tudo mudou para melhor, de meu grau de autoconfiança à carreira profissional, passando por casamento, saúde, peso e finanças.

Escrevi sobre essas ferramentas pela primeira vez em um livro intitulado The Art of the Question: A Guide to Short-Term Question-Centered Therapy [A Arte de Fazer Perguntas: Um Guia para uma Terapia de Curto Prazo Baseada em Perguntas]. Por causa desse livro e de workshops que fiz sobre esse processo, recebo muito feedback das pessoas, que me contam como usaram o método de Pensar com Perguntas para ter mais sucesso em todas as áreas de sua vida, principalmente nas relações afetivas e na profissão.

O tema mais comum de todo esse feedback é o alívio das pessoas por encontrar um método que realmente funciona - um método que as leva ao comando de seus pensamentos e, por isso, dos resultados de suas iniciativas. Como me disse recentemente um participante de um de meus workshops: “Esta semana mudou toda a minha filosofia de vida, e o melhor é que tudo é muito prático. Seu método me mostrou exatamente como fazer as mudanças que eu queria”.

Criei o sistema Pensar com Perguntas no começo de minha carreira de terapeuta. Essa ferramenta é igualmente útil em consultoria de empresas e em coaching executivo. Tive a sorte de atender a uma clientela variada, composta de empresas de elite, como algumas das 100 da revista Fortune, e de associações sem fins lucrativos, agências do governo e até mesmo órgãos militares. Esses clientes comprovaram muitas e muitas vezes que o método Pensar com Perguntas é de valor incalculável no desenvolvimento da capacidade de liderança, no trabalho de equipe, no aumento da produtividade e na inovação.

A capacidade de raciocinar de modo produtivo em vez de raciocinar de forma reativa está no cerne do sistema Pensar com Perguntas. ノ o segredo da obtenção, em alto grau, da inteligência emocional e da tomada de decisões acertadas em qualquer setor. Assim sendo, o método também ajuda a fortalecer ainda mais as instituições de ensino bem-sucedidas.

Após ler a história de Ben Knight e de acompanhar seu progresso, você terá uma idéia clara do funcionamento do sistema Pensar com Perguntas. Acompanhar a história de Ben é como ler um manual de instruções que indica o modo de usar as mesmas ferramentas e técnicas que o levaram a resultados tão extraordinários. Embora as sete ferramentas estejam interligadas ao longo da história, no manual de instruções você vai encontrar todas elas definidas em separado, com passos descritos de forma muito clara. Ponha essas ferramentas para trabalhar em seu favor e ficará satisfeito com os resultados.

Depois de anos de ensino do método Pensar com Perguntas, uma coisa ficou absolutamente transparente para mim: um mundo de perguntas é um mundo de possibilidades. As perguntas abrem a mente das pessoas, conectam-nas umas às outras e arejam paradigmas antiquados. Vejo uma força de trabalho e uma sociedade - de indivíduos, famílias, instituições e comunidades - vibrantes com o espírito de indagação. Devemos sair de uma rota de respostas e de opiniões para outra de perguntas e de curiosidade. Veremos julgamentos precipitados, perspectivas rígidas e opiniões anacrônicas darem lugar à análise, à descoberta, à inovação e à cooperação.

O que torna esse tipo de mudança tão prático é o fato de que ele começa em cada um de nós, aqui e agora. Para isso, tudo de que precisamos é fazer as perguntas certas.