"Desaparecidos" (Trade)

"Desaparecidos" (Trade)

Peter Landsman escreveu um artigo, publicado em jornal de grande circulação, na América, cujo resultado, segundo ele, foi que 50 por cento dos leitores não acreditou. A outra metade sim. E do verbo

fez-se a luz cinematográfica. Cabe a ele, portanto, o argumento e a história. José Rivera confeccionou o roteiro (“Diários de Motocicleta” idem). O artigo do Peter Landsman demandou 5 meses de pesquisa, tendo as informações nele contidas o aval do NYTimes. E assim sendo, o México caiu na malha fina da mídia cinema, bem como a máfia russa. Pão e circo para o povo, mas informação também.

Nas cenas de abertura do filme, as que vão exibindo os créditos, a mão firme do diretor Marco Kreuzpaintner mostra um 3x4 do México nesses primórdios de século XXI. Malha fina porque tem sido assim por esses idos, desde o inquestionável “Traffic”, até o recente trabalho da Jenifer Lopez, denunciando um tremendo absurdo na cidade de Juarez, fronteiriça com os EUA, onde milhares de mulheres desapareceram e ninguém fez nada.

Máfia russa não é o caso de dizer que está na moda. É o caso de lembrar de um documentário exibido pela TV Cultura no final dos 90, sobre as máfias atuantes em São Paulo, capital. E o documentário, com outras que não essas palavras, termina alertando sobre o sorrateiro movimento vodka on the rocks de se instalar implacavelmente numa sociedade, e que quem achava que a coisa estava feia, era bom se preparar para aqueles que escrevem em cirílico. Quando escrevem.

Outro entretenimento que aborda(m) o(s) tema(s) inserido(s) em “Trade” é o último da Naomi Wats e o Viggo Mortesen. Esqueci o nome, vi no cinema mês passado. Apesar da intenção buscar uma acentuação diversa, percorre a trilha da denúncia sobre o que existe de pior no ser humano, sobretudo quando tem na camiseta a estampa Máfia Russa. Mas não são eles os únicos vilões, e se pensarmos em termos de culpados, não há cartório que dê conta do recado. “Desaparecidos” deixa isso claro.

É uma história muito bem contada. Também é um soco no estômago. Kevin Kline, ímpar, César Ramos faz o par, igualmente ímpar. Alicja Bachleda (a polonesa), não fica atrás. Par ou ímpar.

Filme de gente grande.

Bernard Gontier
Enviado por Bernard Gontier em 12/05/2008
Reeditado em 23/10/2013
Código do texto: T986016
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