"Jogos do Poder" (Charlie Wilson‘s War)

"Jogos do Poder" (Charlie Wilson‘s War)

Bom, então, se você tem mais de 14, e já foi ao cinema, nem que seja uma só vez, foi um engano, você queria entrar numa sorveteria e zás, era um cinema, então, já ouviste falar em Tom Hanks e Julia Roberts. Acontece que neste filme, além dos dois, tem um cidadão chamado Phillip Seymour Hoffman. Esse cara é o seguinte: tá construindo uma carreira impecável. Não que a dupla citada já não tenha o alicerce 5 estrelas. Eles tem. Se bem que o Tom, cá entre nós, fez uma presepada e tanto naquela presepada mor chamada “Código da Vinci”. Agora Phillip vai construindo um rol de personagens que sustentam a função do REPRESENTAR, tudo maiúsculo e com o maior zelo. Ele fez o Capote. Fez um outro, em que é um compulsivo por jogo. Fez um de pedofilia, intragável, mas o cara é bamba. Não sei se ele é parente do Dustin Hoffman, acho que não, mas vai saber...Pero, lo Dustin, logo no início de carreira, depois de “A Primeira Noite de Um Homem” (The Graduate), recebeu várias ofertas de papéis similares e ele disse não. Parece que tiveram que apertar o cinto, porque a grana do “A Primeira Noite...” era pouca e se acabou. Mas ele agüentou firme até fazer o magistral tuberculoso no “Midnight Cowboy” (Perdidos na Noite). E assim foi e tem sido a toada do Dustin. E o Phillip Seymour aposta nesse negócio de construir personagens. Aqui, no “Jogos de Poder”, ele está perfeito. Idem para a dupla Hanks e Roberts, já tarimbados, versados e lustrosos.

Bom, a historia é o seguinte - está escrito na caixinha: Inacreditável História Real. Pois é. Das duas uma. Um: mais uma produção, feita pela maior agência de publicidade do mundo, Hollywood, para o maior cliente do mundo – USA. Dois: se é verídica, é inacreditável.

Como ela é contada, deixa a desejar, mesmo que seja o Mike Nichols contando, um cara que não nasceu ontem, nem antes de ontem, (nasceu em 1931, vasta filmografia, e justamente ele é o diretor do “The Graduate”, e do inesquecível “Silkwood”, uma nua e crua história verídica).

Talvez, nem seja mal contada cinematograficamente, mas antes pela forçada de barra do Grande Irmão dizendo vejam como eu sou bonzinho. Se de fato for de fato, mais uma para a cultura, útil ou inútil, ficando ao sabor do freguês.

As idas e vindas do Hanks, do Texas ao Oriente Médio e ao escritório nightclub dele em Washington, a mão de ferro da Julia numa tramóia literal, mais as conversas e a performance do Phillip vão edulcorar o seu entretenimento, desde que não seja procurar no dicionário o sinônimo para tão dourada e edulcorada palavra.

Quem estava com o papel e a caneta na mão, durante esta balada indicada ao Oscar, era o sr. Aaron Sorkin. Biscoito fino. Escritor de mão cheia. Quem assistiu “Amistaad”, sabe a que me refiro. Também é o autor da premiada série “West Wing”. (Dizem que o Bush Júnior, quando assumiu o poder, quis tirar o poder da série, e se deu mal. Dizem.)

Ah, sim, está escrito na caixinha, encima da foto de cada um - Tom Hanks: não é um simples congressista. Julia Roberts: não é uma simples socialite. Phillip Seymour Hoffman: não é um simples espião.

Pessoal não poupou o verbo...

Por hora, aqui ficamos, entre o crível e o baseado no incrível.

Bernard Gontier
Enviado por Bernard Gontier em 09/05/2008
Reeditado em 24/10/2013
Código do texto: T982676
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