Coco Antes de Chanel

Gosto muito de filmes sobre estilistas, tendo assistido aos de Dior, Yves Saint Laurent e ao documentário de Karl Lagerfeld, além deste sobre Chanel, pelo qual paguei 8 reais de aluguel. O que mais me atrai nesse tipo de filme é o figurino deslumbrante, sofisticado e chiquérrimos. Gosto bastante de moda, embora não entenda muito e também pela falta de dinheiro para exercer esse hobby tão caro.

Neste filme biográfico, Audrey Tautou incorpora Gabrielle, apelidada de Coco, de cocorico, devido às suas exibições de dança com música homônima. O filme retrata desde sua infância modesta, criada em um orfanato e abandonada pelos pais, até sua ascensão como um dos maiores ícones da moda. Inicialmente, Coco cantava suas lúdicas canções para entreter clientes de um restaurante, enquanto trabalhava como costureira nas horas vagas. No entanto, ela foi demitida por se recusar a ceder às investidas de um cliente influente.

Coco rouba vestidos do lugar e, por meio de suas relações, consegue uma audiência em um ambiente mais sofisticado. Valendo-se de sua beleza e poder de sedução, ela estabelece conexões com figuras masculinas importantes, permitindo sua ascensão social. Em certo momento, ela se refere a si mesma como uma prostituta.

Resignada com a pobreza, ela vai para perto de Paris sob o pretexto de visitar sua irmã. Decide ir para Paris, com uma mão na frente e outra atrás, procurar seu amante, o mesmo que arrumou para ela a audiência no lugar chique que não deu certo. O barão dá a ela dois dias para ficar, com a intenção de transformá-la em uma espécie de gueixa dele. Ele é uma figura repugnante, mas sem ter para onde ir, Coco se submete aos desejos torpes dele.

Encantada com o mundo da nobreza, ela retém impressões para futuras criações. Terminados seus dias de estádia, ela volta a se ver desamparada, mas usa um ardil para ficar mais tempo. Gradualmente, as pessoas a conhecem melhor e se encantam por ela. O barão, inicialmente repugnante, passa a aceitá-la em sua casa, presenteando-a com vestidos caros, que ela rejeita por achar espalhafatosos. Coco elabora suas próprias roupas, sem tanto floreio e sem ser muito feminina, antecipando uma tendência futura.

Certa manhã, ela se depara com um cavalheiro tocando piano, que elogia a coragem e estilo dela e apresenta a ela os mistérios da filosofia. Em certo momento, ela cansa de ser bibelô do barão, vai embora e pede um emprego de atriz para uma amiga. Esta, por sua vez, aconselha-a a vender os chapéus que todos gostam em Paris, mas principalmente diz a ela que é melhor voltar ao seu castelo, pois essa vida é mais fácil do que trabalhar. Ela acata o pedido.

Em um momento terno do filme, Coco questiona a uma amiga: "O que é o amor?" A amiga sabiamente responde que é uma coisa que dói. Coco se vê no início da paixão pelo cavalheiro inglês que a introduziu à filosofia. Ela então planeja casar-se com ele, mas descobre que ele já está comprometido em um casamento arranjado, visando obter mais dinheiro e manter seu status social. Desiludida, ela decide ir para Paris começar a vender chapéus.

Ao saber dessa intenção, o Barão Balsan propõe a ela um casamento, que ela recusa, afirmando que não pretende se casar com ninguém. Ela converte o cavalheiro inglês em seu amante, que lhe empresta o dinheiro para entrar no ramo da moda. De chapéus, ela começa a fabricar peças inteiras de vestuário feminino. E o resto é história.

O filme destaca o olhar de Coco para a simplicidade e detalhes, em contraste com as extravagâncias da moda da época. Ele é mais modesto do que outros filmes sobre estilistas que já vi, destaca-se pela sofisticação na simplicidade, refletindo o estilo pessoal de Chanel. Mostra sua personalidade, visão de vida e determinação, bem como suas falhas ao sempre buscar relacionamentos com benefícios. Coco Chanel é um exemplo real da força do empreendedorismo feminino. Ela fez mais pelos direitos femininos do que as feministas que protestam com o peito de fora. Ela é uma mulher forte que inspira pela força do exemplo. Suas peças definiram o conceito da mulher moderna.

Seu olhar para a moda inclui a dessensualização e até a masculinização das roupas, um estilo andrógino com foco na sobriedade. Chanel deseja instigar pela imaginação, não pelos enfeites excessivos.

No geral, o filme é muito bem-sucedido em mostrar a Coco antes de ser Chanel, como o título se propõe. Apesar de eu não ser perito em moda, identifico-me com o estilo de Chanel, com seus tons neutros e comedidos, exaltando a simplicidade, que é o último grau da elegância, na minha modesta opinião, claro.

Dave Le Dave II
Enviado por Dave Le Dave II em 28/12/2023
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