Correspondente estrangeiro

CORRESPONDENTE ESTRANGEIRO
Miguel Carqueija


Resenha do filme “Foreign correspondent” (Correspondente estrangeiro) – Estados Unidos, 1940). Produção: Walter Wanger. Direção: Alfred Hitchcock. Roteiro: Charles Bennett e John Harrison. Diálogos: James Hilton e Robert Benchley. Múysica: Alfred Newman. Fotografia: Rudolpr Maté A.S.C. Efeitos especiais: William Cameron Menzies.
Elenco: Joel Mc Crea, Loraine Day, Herbert Marshall, George Sanders, Albert Basserman.


Curioso “thriller” de espionagem em preto-e-branco e clima “noir” à Fritz Lang ou Orson Welles, realizado pelo mestre do suspense Alfred Hitchcock em associação com o conhecido e competente produtor Walter Wanger. A história deve ter sido feita a toque de caixa, pois Hitchcock, então um conhecido diretor do cinema inglês, viera para os EUA em 1939, contratado por David O. Selznick, que logo parece ter-se aborrecido com ele e o “emprestou” a outros produtores, como Wanger e Pandro S. Berman.
O enredo em questão mostra um jovem repórter norte-americano de um jornal curiosamente chamado “O Globo”, Johnny Jones (Joel Mc Crea) que é enviado para a Inglaterra para averiguar a verdadeira situação do continente europeu, diante dos rumores de guerra iminente. Portanto a história se passa em 1939 e a película é de 1940. Usando o pseudônimo de Huntley Haverstock o repórter-detetive faz amizade com a atraente Carol Fisher (Loraine Day) e seu pai Stephen Fisher (Herbert Marshall), que estão à frente de uma organização pacifista. Testemunha o assassinato de Van Meer (Albert Basserman), líder político holandês, para em seguida descobrir que o verdadeiro Van Meer estava vivo e fôra sequestrado, tendo morrido um sosia em seu lugar.
Há cenas de gato-e-rato muito bem elaboradas, como a do moinho ou quando Johnny é acompanhado em suas andanças pelas ruas de Londres por um suposto detetive encarregado de protegê-lo mas que na verdade é um assassino profissional encarregado de matá-lo. Ocorrem diversas reviravoltas na trama e logo os espectadores descobrem que nem todos os personagens são confiáveis. O que talvez não convença muito é o romance que ocorre, aliás isso era um padrão comum em Hollywood em qualquer tipo de situação ou gênero, com exceção de documentários e filmes de terror...
Não é uma obra maior de Hitchcock mas pode ser visto com atenção e interesse e apresenta cenas e enquadramentos de muita qualidade.

Rio de Janeiro, 10 de maio de 2017.