2001 - A Space Odyssey (2001 - Uma Odisséia no Espaço) - 1968

2001 - A Space Odyssey (2001 - Uma Odisseia no Espaço) - 1968

Em 1968, o cineasta Stanley Kubrick, no auge de sua carreira, após lançar os longas hoje clássicos Spartacus (1960), Lolita (1962) e Dr. Strangelove or How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb (1964), lança o considerado até 1971 o melhor filme de sua carreira. 2001 - Uma Odisseia no Espaço revolucionou o cinema.

Enredo: o filme começa mostrando o homem antes de sofrer evolução quando ainda era um primata e mostrava as primeiras ações radicais e comuns típicas do ser humano. Logo o filme vira o tempo para o ano de 2001 onde o cientista Heywood Floyd é responsável com uma equipe de busca para estudar um misterioso artefato alienígena batizado de "Monólito" localizado na base Clavius na lua. Acontece um misterioso incidente sem resolução, 18 meses depois a nave espacial Discovery, com os astronautas David Bowman (Keir Dullea) e Frank Poole (Gary Lockwood) a bordo junto com mais três cientistas em hibernação e o sistema de inteligência artificial avançado, HAL-9000 (Douglas Rain), responsável pelo sistema operacional da nave, ambos estão encarregados de completar uma missão no planeta Júpiter.

O filme é escrito, dirigido e produzido por Stanley Kubrick que mostrou ser um cineasta a frente de seu tempo, trata-se de um espetáculo visual com um roteiro adaptado do primeiro da série de livros de Arthur C. Clark. O longa já abre mostrando durante alguns minutos o comportamento do ser humano pré evolução, a primeira arma, o primeiro assassinato e as primeiras guerras. Em um corte espetacular o filme nos mostra o oposto com o homem explorando o espaço, naves espaciais, gravidade zero e com o tempo nos vai apresentando a história. É importante frisar que o filme não nos fornece nenhuma explicação fazendo que o público tente interpretar cada significado lançado no ar. A história é repleta de arcos com alguma filosofia. O primeiro ato mostra todo o primórdio do processo evolutivo do ser humano quando ele ainda aparentava um macaco. Os atos seguintes fazem uma análise crítica a conceitos como o futurismo e logo em seguida parte para a inteligência artificial, quando segue o arco dos cientistas David Bowman e Frank Poole sob olhos mecânicos do sistema operacional Hal-9000 que inicialmente deixa claro o conceito da limitação da mente artificial perante a mente humana cujas ações são impossíveis de um robô compreender, isso por si só é um arco espetacular, mas tudo evolui a partir do momento em que o personagem se vê ameaçado pelos cientistas e começa a mostrar sua natureza maléfica e psicopata cometendo ações grotescas com uma calma inquietante. O ato final nos brinda com uma sequência psicodélica com mais de 15 minutos cheia de cores, paisagens e imagens belíssimas que beiram o abstrato. O final toca em filosofias como a ideia do renascimento e a aurora do homem, de todos os atos do filme, esse é de fato o mais explicitamente filosófico e grandioso ao mesmo tempo.

As interpretações são um caso discutível. O William Sylvester dá uma interpretação sólida, ele está bem a vontade e natural no papel. Enquanto o Keir Dullea que interpreta o cientista David não muda quase nunca a expressão facial e suas reações são completamente fora do que se espera, porém é mais uma questão discutível que poderia levar a algum significado, o mesmo se diz de Gary Lockwood, obviamente um cineasta como Kubrick jamais ficaria sem extrair excelentes interpretações sem motivo. Porém quem rouba a cena é Douglas Rain que faz o trabalho de voz do sistema HAL-9000, o grande vilão, ele injeta uma calma passivo agressiva incrível, revestida com um timbre de voz suave.

A direção de Stanley Kubrick é espetacular, ele usa diversos ângulos inventivos, sequências com poucos cortes, movimento de câmera suave. Há cenas que são construídas de uma forma que embaralhe o cérebro do espectador, e causa dúvida até hoje de como ele as rodou, muitas dessas sequências parecem uma representação direta da chamada ilusão de ótica. Uma direção digna de um Oscar, porém ele fora injustiçado na categoria melhor diretor quando Carol Reed recebeu o prêmio por dirigir mais uma adaptação do livro Oliver Twist de Charles Dinckens.

Tecnicamente o filme também é um espetáculo. A fotografia é belíssima, cheia de enquadramentos fantásticos, paisagens, os efeitos visuais também são excelentes e realistas, há momentos que ninguém diz que trata-se de um filme produzido na década de 1960. O design de produção é simplesmente perfeito, há um trabalho de simetria quase obsessivo o formato de alguns cenários fazem jus ao conceito de futurismo, assim como o das naves. Já no final temos um quarto que remete perfeitamente ao renascimento. A trilha sonora é composta pela clássica Also Sprach Zarathustra de Richard Strauss como abertura e a música erudita Blue Danube de Johann Strauss que acompanha o filme.

2001 - Uma Odisseia no Espaço é um filme que marcou época, visualmente inventivo e espetacular. Com uma direção incrível digna de todos os prêmios possíveis, um bom elenco e aspectos técnicos acima da crítica, talvez seu maior problema seja a falta de explicação da trama do primeiro ato que merecia um acabamento mais plausível, porém não tira todos os méritos desse incrível clássico do cinema. Nota: 9,9. Obrigado.

Gabriel Craveiro
Enviado por Gabriel Craveiro em 12/03/2016
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