PLEASANTVILLE - A VIDA EM PRETO E BRANCO

“A Vida em Preto e Branco” (Peasantville), produção americana de 1998, é, de fato, uma obra surpreendente! Trata da história de dois irmãos – David e Jennifer – que, por intermédio de um controle remoto, são sugados através de um aparelho de tv e vão parar em uma série televisiva denominada Pleasantville. Ao chegarem lá, assumem instantaneamente os papéis de dois irmãos: Bud e Mary Sue, em uma família teoricamente feliz e sem problemas. No entanto, quando deixam de atuar e começam a exprimir seus próprios sentimentos, os garotos começam a interferir diretamente na rotina dos moradores locais modificando-a. Logo, os irmãos recém-chegados começam a pintar um novo quadro - “colorido” – na realidade daqueles moradores.

O fato é que, ao lidar com novas experiências – sexo, a chuva que era desconhecida pelos habitantes; sentimentos ocultos como paixão, desejo, sonhos - proporcionadas pelos recentes moradores da pacata cidadezinha, novos valores são introduzidos na realidade dos “pleasantvillenses”, que, incrivelmente, começam a mudar de cor. Curiosamente, a transformação em questão é mais que meramente de tom. Na verdade, traduz uma mudança interior - de valores, de princípios. A medida em que os moradores vão ficando coloridos, percebemos o quanto eles começam a viver de fato, mergulhando em suas próprias emoções, ocultas até então. No final, fica evidente o quanto aquelas mudanças foram significativas para a pequena cidade que passou a viver e gozar de uma nova realidade, com direito às mais diversas nuances pertinentes a uma vida plena.

Desta forma, o filme supracitado faz severa crítica aos “sentimentos vazios” ou “pequenos sentimentos” como mediocridade, mesquinhez e situações de acomodamento que permeiam o dia-a-dia. E deixa-nos algumas questões a respeito da felicidade humana. Será que um mundo “vazio”, sem sentimentos, sem verdadeiras emoções pode ser o mundo ideal? O correto seria nos escondermos por meio de nosso conformismo e acomodação? O que nos impede de vivermos novas emoções a cada dia e sairmos do habitual? Uma coisa é certa: diante da realidade contemporânea, existe muito mais do que preto e branco. Sendo assim, o colorido que damos às nossas vidas é que determina o caminho para a felicidade e nosso bem-estar social. Mas, para que isso aconteça, é necessário que cada um de nós faça bem sua tarefa diária de imersão neste intenso universo de emoções. Eu estou fazendo a minha parte. Logo, o desafio está lançado.

Roney Lobato
Enviado por Roney Lobato em 23/05/2007
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