“Idas e vindas do amor ” (Valentine's Day)

“Idas e vindas do amor ” (Valentine's Day)

O que se espera de uma agremiação de astros e estrelas é que ela funcione tão bem em seu conjunto, a ponto de que nossa sensação térmica (porque os astros emitem calor), nos diga que estamos recebendo aquilo que esperamos, mesmo em frações.

Garry Marshall dirige.

Vendem-se 110 milhões de rosas vermelhas nos USA, no Dia dos Namorados. 60% vem da Califórnia.

Garry Marshall tem um CV que dá volta em três quarteirões como ator, roteirista e diretor. Como diretor, duas pérolas do vasto perolado: “Frankie and Johnny” e “Pretty Woman” (Uma linda mulher).

Garry conta a melhor das histórias através de x (xis) pequenas histórias que acontecem no Dia dos Valentinos (Valentine's Day).

Não só os astros de agora brilham, como os parcialmente ausentes (que sempre brilham), dão as caras (Shirley MacLaine é um exemplo, Joe Mantegna, outro), todos reluzindo em suas órbitas para platéias cativas. Resumindo: Jamie Foxx, Hector Elizondo, Queen Latifah, Shirley MacLaine, Julia Roberts, Patrick Dempsey, Jessica Alba, Jessica Biel, etc.

Tem crianças enamoradas, avôs e avós enamorados, presentes de namorados, situações de namorados, foras, dentros, as canções foram escolhidas com a pinça da sabedoria que requer um filme como esse, e eis uma das razões do cinema – transformar a realidade tal e qual tecnologia velada à serviço da magia – a Los Angeles enfocada parece Nova Iorque em época de natal num filme natalino – sem neve, embora rico em vermelho de rosas e corações.

Tem uma que é aeromoça e seu papel se restringe a olhares, outra trabalha num serviço de mensagens telefônicas fantasiosas, um é médico, outro é florista, Jamie Foxx faz o repórter e Kathy Bates sua chefe.

Em mais de uma situação surgem na tela, em forma de broche, chaveiro, adesivo, “Be My Valentine” - em inglês isso pega bem, uma frase unisex para a melhor faceta da circunstância atual – globalizar os corações sem distinção de raça, cor, credo, preferências.

Um filme como esse reserva suas mensagens subliminares e faz com que todos os seus personagens não tenham outro objetivo para fixar o olhar, senão o Dia dos Namorados

Garry nasceu em 1934 e foi batizado como Garry Kent Marsciarelli, um nome estranho para cineasta, tanto nos USA como na Bota. A dinâmica da língua na América deu um jeito nisso.

Julia Roberts é oficial do exército, na ativa, trajando a vestimenta camuflada. Patrick Dempsey tem mulher e filho num extremo da cidade, noutro cultiva uma namorada que trabalha para o florista, que pela manhã, pois esse é um filme que começa de manhã, pediu a namorada em casamento. Ela disse sim. Na hora do almoço ela aparece na floricultura solicitando um tempo para refletir. Com outras palavras, pois esse é um filme suave.

Julia está no avião e o sujeito a seu lado lhe diz: puxa você está há 14 horas viajando. Vai para um encontro? Que romântico... Ela não responde. (Presume-se que venha do Iraque. Julia personifica a alfinetada com luva de pelica...). Jamie Foxx detesta a data mas deve fazer a matéria, o avô Hector Elizondo conta para o neto que ficou tão paralisado no dia em que convidou a avó para sair, há 51 anos atrás, que som algum saiu de sua boca. A avó, Shirley MacLaine, teria reagido da seguinte forma: encontre-me às 6:30 em tal lugar.

Rezam os autos que na Roma antiga o imperador Cláudio proibiu os casamentos, a fim de manter os soldados focados na guerra. Mas um padre chamado Valenttine secretamente casou quem podia e não podia, pelo simples fato de acreditar no amor.

Em 1988 Garry dirigiu “Amigas para sempre”, em 99 “Noiva em fuga”, em 2001 “O diário da princesa”, cinema emotivo está atrelado a sua respiração, aqui ele lança mão de uma costura (alta), altamente necessária quando as historinhas ficam em baixa, depois tornam a se levantar, ninguém se incomoda com isso, o objetivo dessa costura é fazer um painel, dir-se-ia um mosaico, sobre as várias formas do amor (condicional) entre seres humanos, passando pelo gay ao amor de mãe para filho, aos que perderam seu par, aos que procuram e aos que desejam manter o seu par.

Há ainda uma mensagem supra-liminar: deve-se amar o conjunto e não suas partes, pois toda rosa tem espinhos e ninguém é perfeito.

Encerramos com um provérbio extraído do enredo: “Só o que queremos é a confusa alegria do amor”.

Bernard Gontier
Enviado por Bernard Gontier em 21/06/2010
Reeditado em 23/10/2012
Código do texto: T2332954
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