"Em busca de um sonho" (DreamGirls)

"Em busca de um sonho" (DreamGirls)

O trailer dá outra conotação. Desde que eu vi o dito entrei na expectativa. Jamie Foxx , Eddie Murphy e Danny Glover. Música pra tudo que é lado. Aquele sonzão black 60/70 que na falta de caixinha de fósforo batuca-se no joelho. Semana sim, semana não, perguntava ao gajo da locadora: chegou DreamGirls? Not yet, responde o gajo.

Nóis sofre, mas nóis espera, resignava-me eu. Supunha ser algo como “Bird”, só que mais alegre. Ou algo como “The Wonders”, só que mais bronzeado, (como diria o Berlusconi), ou algo como “Ray”, só que menos magistral. Nada disso. Porque os 3 exemplos são filmes que tratam de trajetórias musicais. Pero, “DreamGirls”, apesar de tratar de uma trajetória musical, é um musical. E quando não se está preparado, é uma puxada no tapete.

Who is Jennifer Hudson? Eu estava no segundo ano de faculdade quando ela nasceu. Você já reparou como as pessoas estão ficando cada dia mais jovens?

Jennifer Hudson, avento, talvez tenha a sido a mola propulsora para que o filme não fosse somente um filme sobre a história do The Supremes, já que o musical se inspira em várias histórias, inclusive no The Supremes. O detalhe é que a Jennifer Hudson canta que nem o Edson cabeçeava, o João pulava e o Alfredo assoprava. A mulher canta mesmo, e quando comparam ela com a Barbra Streisand e/ou Aretha Franklin, comparam certo. Vírgula, a Jennifer também interpreta, tendo seu desempenho sido reconhecido pela Academia e o Oscar de melhor atriz coadjuvante foi pra ela.

Who is Bill Condon? Dirigiu 3 filmes, roteirizou 4. (Não assisti nenhum).

Pela premiação Satellite Awards levou Melhor filme, comédia ou musical e Melhor direção - empatando com Clint Eastwood por “Flag of our Fathers”. (Nunca ouvi falar da premiação Satellite Awards).

Direção competente num gênero que me parece ser mais traiçoeiro do que o “Pântano dos Crocodilos Gigantes”. (Também desconheço). Principalmente depois que a nórdica Björk fez o “Dançando no escuro” - basta esquecer a cena musical com a Deneuve, (não por causa da dama francesa, mas pelo conceito da cena). Björk bagunçou o gênero num filme que é uma pérola, e que plagiaram a essência sem zero cal numa bobagem chamada “Música do coração”, ou algo assim. Isso porque “Dançando no escuro”, está à frente do seu tempo em termos de argumento e música, e a dona Björk também não é fraca na ribalta.

“DreamGirls”, apesar do lucro, dos astros e dos prêmios, pecou pelo excesso, parece que os gringos esqueceram da máxima que eles mesmos inventaram, e que vale em todos os recônditos da existência, do doméstico ao artístico: less is more.

Se Eddie Murphy não for “o” retrato da competência aliada à versatilidade, deve ser um dos. A vírgula fica por conta de uma impressão pessoal, numa entrevista logo após a comédia “Os picaretas”. Enquanto o Steve Martin dava a impressão de vender a imagem de: olha, “na caixinha um samba antigo”, ele vai cantarolar com você... Murphy, na entrevista, dá margem a nada. Talvez estivesse num mau dia, mas com toda certeza essa observação não passa de encheção de salsicha nessas mal resenhadas.

Locações, produção, direção de arte, músicas, confeitos que enfeitaram com efeito a premiada noiva, sem contar as mini denúncias tais como o plágio e o jabá. MIni para quem está de fora.

Para quem vive nesse circo, e precisa desse pão, é outra conversa.

Por que você acha que a Warner e Sonny desinflaram na América do Sul? Web. Web se tornou o veículo para quem quer ouvir música e não bate estaca. A ditadura do Jabá se voltando contra o jabazeiro.

Antigamente (constatação de lascar), ligava-se o rádio e era-se brindado, a exemplo, ou com o Heraldo do Monte ou com a Sarah Lois Vaughan. Pra se dizer o mínimo do mínimo.

Agora nos brindam com estalidos.

Nos tempos da “DreamGirls”, se o cara fosse afro, o jabá era mais salgado. Tem problema não. Maior o desafio, visto que o talento daquela galera era apenasmente maior ainda. Venceram. E o filme é um justo tributo. Mas é um musical, com momentos bem cansativos. Outro tributo, só para relembrar: Jennifer Hudson.

Bernard Gontier
Enviado por Bernard Gontier em 23/11/2008
Reeditado em 22/08/2013
Código do texto: T1299418
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