PAIVA, José Maria. Igreja e educação no Brasil colonial. In: STEPHANOU, Maria; BASTOS, Maria Helena Câmara. Histórias e memórias da educação no Brasil. Vol. I - Séculos XVI-XVIII. Petrópolis: Vozes, 2004, p. 77-92.

A escrita, que é um objeto do conhecimento humano, é o caminho que temos para conhecer a vida dos homens. Apesar da escrita não ser algo essencial para a vida, ela é o que no traz a história da nossa humanidade.

As letras começam a ser cultivadas na Idade Média e tinha como função “registrar a forma válida de se viver em sociedade que, à época, se entendia como realização da “família” de Deus: a referência a Deus estava presente em todo o pensamento e em toda ação, desdobrando-se pois em verdade e preceitos.” (p.77). As letras era responsáveis por trazer a verdade única para as pessoas, que no caso, eram as palavras, letras, da igreja católica.

As letras, porém, mostram são responsáveis por mostrar a realidade de cada um dos povos. Deve-se ressaltar que as letras não são estáticas, seus significados variam de acordo com a pessoas que escreve, a pessoa que lê, de acordo com a experiência social que vivem.

Aos poucos as letras foram ganhando outra função que não só passar a palavra de Deus, começaram a ser transmissoras de novas experiências, trazendo um outro conceito de mundo. Nos séculos XII e XVI as experiências sociais sofreram alteração e assim, consequentemente, as letras também, uma vez que tinham outras grandes funções. “ De religiosas, passaram a ser também mercantis, o mercantil sintetizando o novo modo de ser.” (p.78)

Dentro deste novo contexto que se faz necessário uma forma de ensinar, de transmitir as letras para uma população maior. Pessoas que estivessem à frente de negócio, por exemplo. Desta necessidade é que nasce a escola. O rei do Estado de Portugal adequou-se às novas formas mercantis e também à função da igreja, de ser o representante de Deus perante o povo. Foi um época na qual a imagem Igreja e Reino não se separavam, uma vez que eram representados pela mesma pessoa.

“ Cabia-lhe [ao rei], por ofĩcio, a pregação - o anúncio seria para os não-cristãos; como todos eram cristãos, tratava-se de confirmar a doutrina: por isso, a pregação - e a distribuição dos sacramentos. A realização destes ministérios se operava nos termos da compreensão que deles se tinha, nos termos da prática social, atendendo às crenças, valores. costumes, posições, isto é, da prática social, atendendo às crenças, valores, costumes, posições, isto é, atendendo ao modo próprio de constituição da sociedade como tal. (...) Preceder assim era decorrência de serem todos - bispos e padres - bons portugueses.”

(PAIVA, José Maria,2004, p.80)

A Companhia de Jesus era/é uma ordem religiosa, fruto da sensibilidade dos novos tempos. Fundada por Inácio de Loyola, na qual “sua espiritualidade não contradizia a verdade: realiza-a com propriedade, entendendo perspicazmente a formal mercantil da sociedade.” (p.81) .

Como o clero era constituído de pessoas letradas, foi o responsável pela organização das escolas, que eram lugares para aprendizagem formal de conhecimentos que eram ditos necessários pela nova sociedade que estava em formação. A função da escola era ensinar aquilo que era visto como importante para aqueles que ensinavam: “vivo, autêntico e perene magistério instituído por Jesus Cristo.”. (p.81)

Nos primeiros anos de colonização o Jesuítas se focaram na catequização, só após 14 anos de colônia que a educação. Em 1564 é que o primeiro colégio é aberto no Brasil, na Bahia. Foi a partir de então que os jesuítas aplicaram o redirecionamento de seu projeto educacional. O colégio não era apenas o local para conhecimento das letras, como lugar de doutrinação, como um instrumento da obra religiosa. A fé cristã não servia apenas de suporte para trazer mais pessoas para o catolicismo, mas "um fermento de solidariedade, cimento cultural" (p.84).

A verdade cristã é uma forma de manter uma unidade entre as pessoas. "Educar significa primeiramente formar os alunos na fé, nos bons costumes, na virtude, na piedade, isto é, na religião." (p.85).

Gabriela Walendzus
Enviado por Gabriela Walendzus em 06/06/2017
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