RESENHA: ENSINO DE CIÊNCIAS E CIDADANIA

Os currículos na escola levam a uma criação de disciplinas, impedindo os estudantes de verem, muitas vezes, que o estudante estabeleçam relações entre elas. Dessa forma os temas transversais surgem para comunicar as disciplinas que se relacionam, como por exemplo “educação ambiental.

O desenvolvimento cientifico juntamente com o desenvolvimento econômico e tecnológico e todas as suas consequências , geram um movimento pedagógico ciências-tecnologia e sociedade, que necessita de um olhar interdisciplinar. A principal característica disso é que o objetivo do ensino de ciências passa ser servir ao cidadão para que ele possa participar, ter responsabilidade e enfrentar os desafios cotidianas. Com isso a ciência deixa de ser a solução de tudo e passa a ser culpada pelas questão de destruição ambiental , crise energética e tantas outras.

O conceito de ciência e tecnologia é bastante influenciada pela mídia e os meios de comunicação que muitas vezes apresentam de uma maneira não adequada. Porém para discutir essa problemática é importante que os cidadãos tenham espirito crítico, pois só assim serão capazes de participar de decisões que afetam sua vida com base em informações e analises.

Pensando nesse objetivo, outras mudanças são importantes, a ampliação do espaço em que se aprende, mudanças metodológicas, uso de novos instrumentos. Essa tendência já tem sido vista em museus de ciências, revistas e tantas outras ações de divulgações. O que representa um movimento a alfabetização científica que promove a participação da população e problematiza os impactos da ciências.

No entanto a estrutura dos currículos não é favorável a interdisciplinaridade no processo educativo. Além dessas dificuldades há a percepção de que alguns docentes acreditam que fora desse modelo o aluno seria prejudicado, perdendo informações que julgam importantes e , ainda, apresentam dificuldade para discutir temas que envolvam valores. Mas, para s atingir o objetivo é essencial que os docentes mudem sua posturas e suas praticas, para levar o aluno a participar das questões que afetam sua vida e posso ser capaz de fazer analise de tomar decisões.

É fácil entender porque precisamos tanto ter domínio sobre o conhecimento científico e tecnológico, a ciência e a tecnologia estão fortemente presentes em nosso dia a dia, nos produtos que consumimos, nos impactos e nas consequências da nossa vida cotidiana. Por isso, decidir qual a informação básica para se viver no mundo de hoje é essencial para combater o analfabetismo científico, mas é importante lembrar que essa alfabetização é contínua e transcendente. Por esse motivo, escola, museus e mídias em geral devem ser parceiros para socializar o conhecimento científico de forma crítica para os cidadãos. Não podendo esquecer que para uma "ciências para todos" é fundamental levar em consideração as experiências prévias de cada um.

A definição de alfabetização cientifica ainda é pouco esclarecida, mesmo em bibliografias que tratam desse assunto isso nos mostra que a reflexão sobra esse assunto ainda é muito nova e precisa ser mais explorada. Por esse motivo é necessário aumentar as politicas em relação a essa reflexão.

Desde a década de 70 quando a ciência vem sendo questionada e criticada, a incompreensão sobre a ciência e seus processos foi detectada em diversos países, o que fez com que houvesse a mobilização de políticas nacionais e internacionais para melhorar a alfabetização científica. Há então uma mudança no pensamento e na produção científica que se enfatiza na necessidade de se conhecer o público para o qual se divulga. Segundo Prewitt (1982; 5-6) deve-se para de perguntar o que o individuo deveria saber sobre ciência o ideal era que o cientista perguntasse o que ele sabe ou deveria saber sobre público.

Acreditasse que a alfabetização científica para por alguns estágio: nominal, funcional, estrutural e multidimensional , principalmente nos cursos escolares é comum que se atinja o fase funcional de um conceito e muito pouco a fase multifuncional, principalmente em cursos que se espera a memorização de vocábulos. Isso impede que os indivíduos vejam a interação entre ciências, tecnologia e sociedade. Aumentar a alfabetização científica é essencial para que possa se provocar a curiosidade para que eles se deem conta do papel da ciências em sua vida, porém isso exige um trabalho enorme dentro e fora da sala de aula.

Nesse sentido de alfabetização cientifica já esta englobado o letramento, já que esse significa não só apenas saber ler sobre a ciência , mas fazer parte dela, cultivar e exercer as praticas sociais envolvidas nela. Pensar nessa perspectiva cultural implica em estimular ações parceiras em diferentes instituições e agentes, além das políticas buscando ampliar as oportunidades de acesso ao conhecimento pela população. O que se torna essencial para que a população participe e se posicione quanto ao impacto econômico, social e ambiental do uso e domínio das tecnologias avançadas na considerada "Idade da Tecnologia" ( Século XX).

A escola exerce um papel importante para instrumentalizar os indivíduos sobre os conhecimentos científicos básicos, porém essa ação deve ser conjunta com as diferentes instituições e atores que promovem essa alfabetização científica . O que consiste em diferentes "ecossistemas educativos", sendo assim é uma parceria do poder e da responsabilidade de formar e educar. Porém nem todo conhecimento é essencial para todos os grupos sociais, mas para determinar isso é importante que haja um diálogo entre os elementos culturais (científica, senso comum e o conhecimentos dos variados grupos sociais).

Infelizmente nas sociedades consideradas em desenvolvimento, mesmo que essas possuam a desenvolvimento científico e tecnológico parecido com as nações consideradas de primeiro mundo, possuem dificuldades enormes para promover a participação na tomada de decisões da população e a promoção do conhecimento suficiente para isso. Por isso, é fundamental as politicas articulada com a educação e cultura para promover o aumento dessa alfabetização cientifica para a população, preocupando-se com a inclusão social e cultural com respeito às diferenças e diversidades.

No relatório feito pela UNESCO da Comissão Internacional sobre "Educação para o Século XXI com o título Educação Um Tesouro a Descobrir" se coloca a educação como um caminho para um desenvolvimento mais humano e igualitário de modo a diminuir a pobreza, exclusão social e tantos outros males que afligem a sociedade contemporânea. Esse relatório acredita que a educação se baseia em quatro pilares: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser. Em outro relatório da UNESCO voltado para o desenvolvimento da ciências percebe-se uma semelhança no que se refere ao ensino e divulgação da ciência, pois elas devem ser movidas pela curiosidade, pela liberdade de pensamento para as descobertas e elaborar teorias sobre a natureza.

No Brasil houve em 2004 um evento onde participaram diversos países do continente americano, o que foi um grande marco para as politicas de alfabetização científica nesse continente. No entanto, é preciso um esforço comum entre os divulgadores, cientistas e educadores para melhorar e transformar os programas, objetivos e praticas pedagógicas nesse ensino.

A preparação do cidadão crítico nesse sentido antecede o pensamento de que nenhum conhecimento é absoluto, completo ou definitivo.

Considerando que acredito na educação crítica e a formação de cidadão ativos socialmente, quanto ao conhecimento de ciências não poderia ser diferente, pensar que esse ensino se restringe a nomenclaturas e decorar processos que aparentemente pareçam inúteis na vida cotidiana, faz com que perpetuemos o analfabetismo científico.

Quando me deparei com esse termo no texto, me fez muito sentido, já que na minha educação não tive muito o ensino de ciência como algo que me ajudaria a entender minha vida cotidiana e que seriam tão importantes para entender processos e impactos ambientais, e tantos outro, que afetariam diretamente a sociedade. Durante muitos momentos , agora já adulta, me senti analfabeta quanto certos assuntos, como por exemplo quando começou a se falar sobre o impacto ambiental e o aquecimento global, demorei a perceber o quanto isso afetaria a todos nós, hoje percebo que se tivesse mais elementos e tivesse chegado na fase multifulcional do ensino de ciências e tecnologia, poderia ter me posicionado em muitos momentos de outra forma e mesmo compreender tantos outros impactos na sociedade atual. Claro que não acho que apenas a escola seja responsável por esse meu aprendizado deficiente, acredito que faltou em muitos momentos a preocupação dos veículos que divulgam ciências em se preocupar com o público para o qual está sendo divulgado, o que vemos que é de extrema importância para que todos sejam capazes de opinar e se colocar.

Trabalhando hoje na educação percebo que existe uma preocupação em fazer com que a ciência, tecnologia e sociedade sejam interligadas, através de projetos que transcendem a ciência, vejo que algumas mídias tentam trabalhar assuntos ligando-os ao dia a dia, além de museus que conseguiram trazer, não apenas a escola, mas famílias e tornaram-se lugares convidativos e provocativos, gerando nas pessoas uma curiosidade e procura por mais conhecimento. No entanto, essa divulgação ainda se limita a alguns assuntos e temas, os que consideram relevante, deixando alguns assuntos à margem.

Desse modo, dá para perceber que muitas possibilidades tem surgido e que cada vez mais tem havido uma busca para trabalhar a ciência de maneira a atingir a todos, mas acredito que ainda há muitos assuntos que poderiam ser propostos, além de astronomia (planetários), energias, doenças e corpo humano, mostrando outras facetas da ciências e gerando no indivíduo o entendimento de que o conhecimento e construído e se dará por toda a vida. Podemos mudar isso disponibilizando maneiras para que cada pessoa possa buscar aquilo que os interessa, já que sabemos que nem todos os assuntos servem para todos os grupos sociais, não deixando de estimulá-los. Se pensarmos em construir um conhecimento que atinja a todos, com certeza teremos uma aumento na alfabetização científica ou pelo menos na demando por buscá-la, além de cidadão mais presentes e críticos, seja social ou politicamente.

Referência : KRASILCHIK, M., MARANDINO, M. Ensino de Ciências e Cidadania. 2a ed.. São Paulo: Editora Moderna. 2007, 87p.

Sara Aguiar
Enviado por Sara Aguiar em 29/05/2017
Código do texto: T6012923
Classificação de conteúdo: seguro