A organização do ensino fundamental em ciclos: algumas questões

O artigo trata-se de uma problematizarão sobre a adoção do sistema de ciclos como forma de organização do ensino fundamental. São apresentados diversos estudos, argumentos e pesquisas em relação a este tema, evidenciando os pró s e contras de tal sistema e o contrapondo ao sistema de seriação do ensino, o qual também é analisado.

O sistema de ciclos tem como lógica a tentativa de superar o fracasso escolar expressado pelas taxas de reprovação presente na seriação escolar, uma de suas tentativas para tal finalidade é atenuar os critérios de avaliação desse sistema, implantando a progressão continuada em algumas séries e mantendo a possibilidade de reprovação ao final de cada um dos ciclos.

Ainda que historicamente se possa identificar o acesso de grupos populares à escolarização, não significa que houve um entrosamento pacifico e positivo entre as classes sociais, nem mesmo que esta educação se fez democrática ou eficaz.

A escola atual não se situa na inclusão e o conhecimento para todos, mas sim em conhecimentos mínimos para todos e seleção dos mais competentes, mostrando-se eficaz para a tarefa de seleção.

Os ciclos trouxeram consigo certas tensões à escola, devido a uma falta de modelo pré-estabelecido, defendendo uma proposta de escola obrigatória em que o aluno possa aproveitar o currículo plenamente. Em contrapartida está a seriação, que defende uma avaliação anual para a aprovação ou aprovação do aluno.

Uma critica e argumento do sistema de ciclo é que a ameaça de reprovação não garante o sucesso escolar do aluno, assim, defende a possibilidade de eu a escola seja uma instituição promotora de aprendizagem sem finalidade profissional, assumindo uma posição política que promove a democratização do ensino.

Deve se associar a forma de organização escolar ao posicionamento político de sua gestão, e à reflexão do “para quê escola”. Ainda que a escola não seja a única instituição responsável pela mudança social, exprime em si própria, em sua existência, sua importância no movimento histórico- social.

A seriação se justifica pedagogicamente pela graduação dos objetos de ensino e pela organização dos conteúdos a fim de um melhor ensino, um de seus argumentos de defesa é que a reprovação não impede a aprendizagem, pois dá ao aluno mais tempo para que este atinja o considerado indispensável. Porém este modelo passa assumir uma estrutura vertical de ensino- aprendizagem, fato que atuou no fracasso escolar.

Importante se atentar para o fato de que a repetência não se trata de um procedimento completamente confiável de recuperação ou desenvolvimento cognitivo do aluno. Outra questão, é que esta reprovação não ocorre exatamente no final da série, afinal, as dificuldades causadoras desta condição são cumulativas, e se a repetência se faz necessária é porque houve falhas nas estratégias de ensino, as quais não foram identificadas precocemente.

O que se oferece ao repetente é mais do mesmo mais uma vez, pois é conduzido à uma série que já cursou, recebendo o mesmo ensino que outrora não produziu efeito. Este processo só dá certo se quando se usa meios e recursos que garantam novas estratégias, individualizando as dificuldades do aluno, não tratando a repetência como punição ou reflexo de baixo desempenho moral do aluno.

Tais argumentos nos leva a crer que sustentar a seriação é abandonar pedagogicamente o aluno, sem caminhar para seu aproveitamento escolar.

Referencia bibliográfica:

ALAVARSE, Ocimar Munhoz. A organização do ensino fundamental em ciclos:

algumas questões. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 14, n. 40,

p. 35-50, jan./abr. 2009.

Milena Toschi
Enviado por Milena Toschi em 13/10/2015
Reeditado em 13/10/2015
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