A Passividade Impera

A passividade impera

Quando nasce a mornidão

De um povo nascido em ouro,

Um povo fraco em ação,

Que fácil é dominado

E vive com grande enfado,

Tendo triste o coração.

Tudo passa sem razão,

Da forma que se convir

O destino escrito a alguém.

Segue-se ao pleno porvir

Sem se tentar fazer nada,

Como se tivesse atada

A mão, sem dali sair.

Eu gostaria de ouvir

Um pouquinho de acalanto,

Porque a passividade é

Inauguração do pranto.

Que bom seria conter

A inércia do viver

E jogar-me num recanto.

Eu desejaria tanto

Deixar a selva elevada,

Que me circula, de pedra

E ir ver a linda alvorada

Com o sol luzindo ardente.

E até o brilho poente,

Que me traz a lua amada.

Sinto-me numa emboscada

Com olhos fixos de banda

Fitando-me seres de ira,

Dizendo-me: “Vá logo, anda!

Que meu minuto é custoso

E eu não caminho ocioso

Não tenho uma vida branda”.

Daniel Lira
Enviado por Daniel Lira em 13/11/2023
Código do texto: T7931310
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