CALAR... FALAR...
Calar tenho calado muito mais do que a multidão das minhas palavras tem deixado antever.
Em cada frase, em cada verso meu, multidões de silêncios que não se deixam tocar...
Queria, ah, quanto eu quis, tantas vezes, ser na escrita como as águas cristalinas da imagem, a ilustrarem a bobagem que escrevo neste momento... Águas límpidas a refletirem o em torno, esse em torno a emergir como se viesse do fundo das águas que o refletem a imergir.
Ah, quanto eu quis que, ao menos por um momento, por um verso, por um verbo, eu não precisasse calar os verdadeiros porquês e nomes de certa Dor, de certas dores... Não o pude, não o posso, jamais o poderei...
E, no entanto, o grave paradoxo é que tudo que escrevo é profunda e visceralmente autobiográfico. Um autobiográfico que se disfarça sem disfarce; que se mostra sem mostrar-se; que é linguagem sem deixar de ser fatos, que são fatos não identificáveis, isto é, de nenhum rosto claro no espelho das águas.
Assim minha escrita: uma paineira que é ela mesma e símbolo de outra coisa, ou melhor, de outro ser, de nome para sempre silêncio; uma juventude que é funda velhice, ambas reais e simultâneas; um riso que, por tão espontâneo em certos momentos, parece-me inacreditável; não falso: inacreditável.
Palavras a dizerem, e não, uma espécie de vida e de dias perfeitamente inimagináveis em sua efetiva realidade, para quem as lê.
Calar... Falar... - leia-se escrever - um destino, a forçada invenção e reinvenção de um ser - eu - verdadeira invenção e reinvenção em cada momento de escrita e de reescrita: o que me ficou, para ser. O que me ficou para ser.
Tenham uma boa noite de sono, amigos.
Nota. Escrita "de primeira", no impulso das palavras.
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Ah,como poderia deixar de colocar aqui o comentário mais do que belo, mais do que fundo, que fez meus olhos transbordarem, esse comentário do caríssimo Gajocosta?
Em cada frase, em cada verso meu, multidões de silêncios que não se deixam tocar...
Queria, ah, quanto eu quis, tantas vezes, ser na escrita como as águas cristalinas da imagem, a ilustrarem a bobagem que escrevo neste momento... Águas límpidas a refletirem o em torno, esse em torno a emergir como se viesse do fundo das águas que o refletem a imergir.
Ah, quanto eu quis que, ao menos por um momento, por um verso, por um verbo, eu não precisasse calar os verdadeiros porquês e nomes de certa Dor, de certas dores... Não o pude, não o posso, jamais o poderei...
E, no entanto, o grave paradoxo é que tudo que escrevo é profunda e visceralmente autobiográfico. Um autobiográfico que se disfarça sem disfarce; que se mostra sem mostrar-se; que é linguagem sem deixar de ser fatos, que são fatos não identificáveis, isto é, de nenhum rosto claro no espelho das águas.
Assim minha escrita: uma paineira que é ela mesma e símbolo de outra coisa, ou melhor, de outro ser, de nome para sempre silêncio; uma juventude que é funda velhice, ambas reais e simultâneas; um riso que, por tão espontâneo em certos momentos, parece-me inacreditável; não falso: inacreditável.
Palavras a dizerem, e não, uma espécie de vida e de dias perfeitamente inimagináveis em sua efetiva realidade, para quem as lê.
Calar... Falar... - leia-se escrever - um destino, a forçada invenção e reinvenção de um ser - eu - verdadeira invenção e reinvenção em cada momento de escrita e de reescrita: o que me ficou, para ser. O que me ficou para ser.
Tenham uma boa noite de sono, amigos.
Nota. Escrita "de primeira", no impulso das palavras.
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Ah,como poderia deixar de colocar aqui o comentário mais do que belo, mais do que fundo, que fez meus olhos transbordarem, esse comentário do caríssimo Gajocosta?
O reflexo é mais verdadeiro que o em torno, mais sugestivo pela identidade insinuada, mistério profundo, do fundo, onde mergulham realidades que poderiam ser...onde silêncio e palavra se confundem, tendo ambos o mesmo significado. A vida escorre como o rio, os reflexos permanecem, silentemente gritantes... Beijão, Zé