LIÇÃO DE CIVILIDADE
Não comentarei o vexame que foi a seleção a brasileira, já por demais discutido. Nem tampouco o nacionalismo exarcebado que só se manifesta nestas ocasiões, pois "nacionalismo" vai muito além de empetecar-se e empetecar as cidades de verde-amarelo. Porém alguns fatos extra-campo chamaram minha atenção.
As não sei quantas cadeiras destruídas no Itaquerão foram rapidamente repostas. No entanto, não me consta que alguma escola pública do país, lançada ao abandono oficial, tenha sido construída, recebido uma única carteira nova, nas precaríssimas condições em que elas se encontram, com alunos sentados no chão, três onde dois se sentariam e instalações aviltantes. Também ignoro se algum hospital recebeu uma única mísera maca para a os doentes que se acumulam pelo chão ou acomodados em cadeiras pelos corredores (isto quando há "atendimento")...
Entretanto, admiro a grande lição de civilidade (a ser ensinada nos lares e nas escolas) dada pela torcida JAPONESA, a recolher lixo dos estádios após os jogos. Aplaudo, e muito. Isto sim, seria uma clara demonstração de respeito e amor ao patrimônio público, e não os bárbaros "quebra-quebra" e queima de ônibus que continuam se perpetrando. Estamos a milênios de atitudes civilizadas e civilizadoras; exalto a admirável atitude nipônica, produto de um povo que aprendeu o que realmente significa "ordem e progresso", em muitos aspectos, o que vai muito além de sacolejar bandeirinhas que ostentam tais palavras.
Soubesse o povo canalizar sua indignação diante de fatos que ferem o cidadão, como a dinheirama disperdiçada em luxuosas "arenas", que serão elefantes brancos após a Copa... Seria no VOTO consciente que mostraria sua ânsia por mudanças, entorpecida por alucinantes jogos que duram um mês, e que só trouxeram amargor à maior parte da ingênua população, ainda inconsciente politicamente. Assim, vem sendo nosso país vilipendiado há anos ou décadas por espúreas administrações públicas. Deitados em berço sim, mas não "esplêndido", porém pútrido, eis onde nos encontramos, e me parece que assim continuaremos. De vez em quando, acontece uma passeatazinha de protesto, que logo se dilui... Mas vem aí o carnaval, e o circo e o escasso pão continuarão... Frustrante país...
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