Eu dei, e daí?
Eu dei, (é verdade!)
Dei porque decidi dar!
Dei ao balconista
E ao professor.
Dei ao médico
E ao agricultor.
Dei também ao jovem
Que varre a praça,
Dei a máquina de costura,
O edredom
E a TV,
Dei ao vizinho.
Dei à moça
Ao menino,
Ao pastor,
À babá
E à enfermeira.
Dei ao motorista,
Ao vigilante
E ao coveiro,
Dei ao poeta
E à dentista.
Também dei à secretária
E à Celina, a diarista.
Dei ao aluno operário,
Àquele que recebe
Um minguado salário,
Dei ao padre,
À freirinha Catarina
E ao tabelião,
Dei ao deputado milionário
E principalmente
Ao funcionário público,
Que reclama da desvalorização.
Dei ao dono da quitanda,
À vizinha Maria Paula,
Dei também ao vigilante
Da agência, onde “pego” meu salário.
Dou aos pobres sempre
Quando posso,
E às macumbeiras da aldeia,
Quando dou, peço absoluto sigilo,
Porque dar não é privilégio,
Mas deveria ser virtude de todos, além de ser
Também matéria reforçada no colégio.
Fui ao convento na capital do meu Estado
Somente para dar aos monges,
Dei a Antonio, à Sílvia
E a Inaldo (enquanto ele dirigia)
Dei o jogo de terraço,
A geladeira
E o fogão.
Dei a sala semi nova,
Dois aparelhos de jantar,
A calcinha e o sutiã.
Dei meus discos de vinil,
Há tantos anos guardados,
Dei a poesia,
Dei também
À *N. Srª das Neves
À Filipéia,
À Frederica,
À Parahyba
E à Paraíba.
Já dei no elevador,
Na cantina da escola
E na sacada do prédio.
Dei no fundo do quintal
De uma casa abandonada
Que fica atrás do colégio.
Comecei a dar logo cedo,
Mas também sei dar à tarde,
O mais importante é dar,
Sem esperar receber...
Nesse momento estou dando
Sentada em um banco da praça,
Entre borboletas e flores
Vou chamando a atenção,
Dos que passam despreocupados
E dos que, com pressa estão,
Ninguém resiste alguns segundos
De parada onde estou,
Pois sabem que estou dando
Sem ninguém me “obrigar”,
Até hoje tudo que dei
Foi por espontânea vontade.
Na verdade o que estou dando
É esta poesia. É isso!
Se é que alguém vai enxergar aqui
Algum verso e entender
Que isso até pode ser...
O quê???
Poesia?
Poesia!
-Ou poema!...
Droga!
***************
Eu dei, (é verdade!)
Dei porque decidi dar!
Dei ao balconista
E ao professor.
Dei ao médico
E ao agricultor.
Dei também ao jovem
Que varre a praça,
Dei a máquina de costura,
O edredom
E a TV,
Dei ao vizinho.
Dei à moça
Ao menino,
Ao pastor,
À babá
E à enfermeira.
Dei ao motorista,
Ao vigilante
E ao coveiro,
Dei ao poeta
E à dentista.
Também dei à secretária
E à Celina, a diarista.
Dei ao aluno operário,
Àquele que recebe
Um minguado salário,
Dei ao padre,
À freirinha Catarina
E ao tabelião,
Dei ao deputado milionário
E principalmente
Ao funcionário público,
Que reclama da desvalorização.
Dei ao dono da quitanda,
À vizinha Maria Paula,
Dei também ao vigilante
Da agência, onde “pego” meu salário.
Dou aos pobres sempre
Quando posso,
E às macumbeiras da aldeia,
Quando dou, peço absoluto sigilo,
Porque dar não é privilégio,
Mas deveria ser virtude de todos, além de ser
Também matéria reforçada no colégio.
Fui ao convento na capital do meu Estado
Somente para dar aos monges,
Dei a Antonio, à Sílvia
E a Inaldo (enquanto ele dirigia)
Dei o jogo de terraço,
A geladeira
E o fogão.
Dei a sala semi nova,
Dois aparelhos de jantar,
A calcinha e o sutiã.
Dei meus discos de vinil,
Há tantos anos guardados,
Dei a poesia,
Dei também
À *N. Srª das Neves
À Filipéia,
À Frederica,
À Parahyba
E à Paraíba.
Já dei no elevador,
Na cantina da escola
E na sacada do prédio.
Dei no fundo do quintal
De uma casa abandonada
Que fica atrás do colégio.
Comecei a dar logo cedo,
Mas também sei dar à tarde,
O mais importante é dar,
Sem esperar receber...
Nesse momento estou dando
Sentada em um banco da praça,
Entre borboletas e flores
Vou chamando a atenção,
Dos que passam despreocupados
E dos que, com pressa estão,
Ninguém resiste alguns segundos
De parada onde estou,
Pois sabem que estou dando
Sem ninguém me “obrigar”,
Até hoje tudo que dei
Foi por espontânea vontade.
Na verdade o que estou dando
É esta poesia. É isso!
Se é que alguém vai enxergar aqui
Algum verso e entender
Que isso até pode ser...
O quê???
Poesia?
Poesia!
-Ou poema!...
Droga!
***************
Ísis Dumont
Inspiração em: “Poema do Dar”
Tiago Correia de Jesus (Salvador/BA)
Do Jornal Caminho das Letras,
Recebido da (Academia Machadense de Letras)
Inspiração em: “Poema do Dar”
Tiago Correia de Jesus (Salvador/BA)
Do Jornal Caminho das Letras,
Recebido da (Academia Machadense de Letras)
*N. Srª das Neves, Filipéia, Frederica, Parahyba, nomes que meu Estado já teve antes de ser “Paraíba”.
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