BRINDEMOS
Brindemos ao marasmo,
Ao sabor seco das palavras fingidas na boca,
Ao porre que vêem,
Aos amores desta noite,
E aos tantos amores amputado nessa mesma noite!
Brindemos ao estado de bêbado;
Que pra muitos, é o melhor que lhes convéns!
Brindemos!
Ao que não dá certo,
Feito nos dois!
Ao preço alto das coisas necessárias,
Ao preço baixo das vulgaridades,
Brindemos a vulgaridades!
Ao livro que não fiz,
Ao homem que não sou,
A cidade que não vivo, mas que não sai de mim!
Ao poema por fazer!
Ao dinheiro, brindemos ao dinheiro,
Já que é bem, mas fácil brindá-lo que ganhar.
Brindemos,
Aos bons amigos,
Aos maus também,
Não aos políticos,
Mas as putas, brindemos as putas,
Benditas as putas, brindemos de novo!
Não aos políticos,
Brindemos a fé,
Algo que busco,
Brindemos ao amor,
Algo que já tive, mas busco encontrar novamente!
Brindemos as camas alheias,
E as nossas também,
Os poetas do mundo!
Toda arte, brindemos de pé!
Brindemos as diferencias,
As cores de pele,
Brindemos...
Brindemos à morte,
Que ainda não chegou!
Brindemos a poesia...
Brindemos até o muito gole!