Fadas no Divã, além de um olhar psicanalítico
A fantástica obra denominada Fadas no Divã – Psicanálise nas Histórias Infantis, dos autores Diana Lichtenstein Corso e Mário Corso, publicada em 2006, pela Artmed, Porto Alegre, RS, surge não somente como um ancoradouro da análise psicanalítica dos contos de fadas, mas também, como uma fonte histórica ambivalente, pois a referida obra abrange contos clássicos infantis e histórias contemporâneas em diversos gêneros.
Nesse contexto, encontraremos comparações e comentários significativos entre os clássicos infantis Bicho Peludo, Pele-de-Asno, Urso e Capa de Junco, dentre outros; entretanto, deparamo-nos com histórias atuais que tanto fascinam crianças, adolescentes e adultos como: Snoopy, Mafalda, o fenômeno Harry Portter, Calvin e Aroldo.
Nessa perspectiva, os autores Diana Corso e Mário Corso ao produzirem o livro em destaque, ultrapassaram os limites da tradicional análise psicanalítica, e acabaram oferecendo aos leitores e estudiosos da área um produto cultural bem mais rico, bem mais fundamentado; quer pela significância do conteúdo, quer pela estrutura bem planejada da obra, a qual inovou e excedeu as expectativas do público leitor.
É oportuno salientar que, além dos aspectos ressaltados nos parágrafos anteriores, a produção já mencionada acrescenta outras informações relevantes relacionadas ao gênero em pauta. Assim, permeando as páginas prazerosas deste notável trabalho, observamos trechos que abordam as características dos contos de fadas, apresentando de forma ímpar peculiaridades sobre os elementos do gênero: objetos mágicos, personagens e ambientes.
Nesse prisma, o espelho mágico da madrasta malvada, a maçã envenenada da Branca de Neve, o sapatinho de cristal da Cinderela, os cabelos da Rapunzel, os castelos e tantos outros elementos fascinantes que permeiam os contos de fadas, nas tramas encantadoras da literatura infantil vão sendo percebidas pelo leitor, através dos múltiplos argumentos expostos por parte dos escritores. Estes parecem tecer uma instigante colcha de retalhos costurada por aspectos históricos e culturais anteriormente discutidos por outros autores, mas não tão bem explorados e esclarecidos como o livro em discussão.
Outro ponto interessante posto pelos escritores foi o fato destes terem a preocupação de inserir um capítulo dedicado aos finais infelizes nas histórias infantis; quebrando o paradigma do final feliz em contos mais tradicionais. Dessa forma, os amantes dos contos de fadas poderão enriquecer seus conhecimentos literários com a leitura dos contos O Pássaro Bruxo, Nariz de Prata, As Três Folhas de Cobra e Barba Azul.
Sucintamente, tudo o que podemos acrescentar sobre esta incrível obra-prima, é a certeza de que a mesma vai apreender a atenção do leitor do início até a última página, deixando-o cada vez mais fascinado pelas narrativas de cunho maravilhoso-fantástico. Obviamente, transformando-o em um leitor mais atento, um pesquisador mais experiente, um professor mais bem informado e, sobretudo, um agente literário mais crítico, desempenhando seu papel fundamentado em conhecimentos múltiplos: literatura infantojuvenil clássica e contemporanânea, historicidade dos contos de fadas, cultura e psicanálise.