CRIATIVIDADE VERSUS CENSURA

* * *

De vez em quando – vezes demais, diria –

O dicionário do meu computador

Insiste em sublinhar a vermelho

Algumas das palavras que escrevo.

Com o seu mecânico rigor, censura a minha liberdade criativa:

Se ele tivesse sensibilidade poderia extravasar os seus limites

Para simplesmente avaliar a minha perspectiva.

Mas as máquinas são realizações dos homens

E estes, além de terem as suas próprias fronteiras,

Não admitem conceber algo que lhes cause obscuridade.

Fico agradecido ao - com_puta_dor - por me auxiliar,

Sempre que subLinha lá(psos) meus ou diZ_Tra(i)ções.

Mas, como lhe podeRei sugeRir que algumas dessas incorrecções

Podem ser premeDitadas no inTento de ir mAis além,

No aproFundar da minha própria criatiVIDAde?!...

As máquinas não têm alma e eu compreendo as suas limitações.

Mas, o que pensar quando são os próprios leitores,

A passarem céleres pelas palavras

E que se limitam a assinalar mentalmente como erros

Aquilo que os ultrapassa?!...

Não é apenas o corpo que precisa de se harmonizar com a vida:

O espírito carece de aprender a manusear o léxico existencial!

Nessa conformidade,

Permitam-me que assinale a vermelho a palavra "Alma".

19.05.2012, Henricabilio

HENRICABILIO
Enviado por HENRICABILIO em 21/05/2012
Reeditado em 04/04/2016
Código do texto: T3680258
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