Asas de Areia

noite escura e sombria

debruçado no peito

costura a podre ferida

que no pranto fez leito

vinagre e sal, o néctar jogado

nos olhos traídos e cansados

anestesiado por um segundo

os joelhos no arame farpado

coração só, alma faminta

até o fel, a ela alimenta

deserto, tem borboleta;

sem asas; esperança

sem rosas e estrela

com rumo vagueia

transformando

em areia

só, se

vai

Jorge Cunha
Enviado por Jorge Cunha em 06/05/2012
Reeditado em 15/05/2012
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