PASSANDO A LIMPO
Nas aulas da vida,
o mestre escrevia no quadro
negro.
Que era
Verde.
E eu copiava suas palavras em
branco giz.
Passava tudo em
grafite.
Ansiava por, logo mais,
viver outra cor na correção:
o azul.
Precisava sedimentar tudo.
Camada por camada,
de modo a formar minha montanha
geo-linguística.
Passar a limpo as lições,
gerava sempre o pudor
de temer outra cor.
A vermelha.
Ele teria que saber sublimar os erros.
Eu, saber sublinhar o essencial.
Mais ou menos como a vida.