ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
A alfabetização e o letramento estão intimamente interligados. São processos de aprendizagem indissociáveis que se articulam e se complementam. Magda Soares (1988) compreende a alfabetização como aquisição do código da leitura e da escrita pelo sujeito, como um pré-requisito para a apropriação e uso social da leitura e da escrita, ou seja, um pré-requisito para o letramento.
A alfabetização é o processo de iniciação no uso do sistema ortográfico. Nesse sentido, a alfabetização refere-se à apropriação da escrita, enquanto aprendizagem e desenvolvimento de habilidades para a leitura e as práticas de linguagens.
O letramento é um processo amplo e contínuo que se estabelece através das práticas sociais, ou seja, o letramento relaciona-se à função social da escrita e da leitura. “Enquanto a alfabetização se ocupa da escrita por um indivíduo ou grupo de indivíduos, o letramento focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição de uma sociedade”. (TFOUNI, 1995, p. 20).
Nesse sentido, letramento é o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e a escrever, conseqüentemente é o produto do uso destas habilidades em práticas sociais. É ainda, o estado ou condição que um indivíduo ou grupo social adquire após ter-se apropriado da língua escrita ou ter-se inserido em um espaço social culturalmente organizado.
Para Vygostsky (1984), o letramento representa o coroamento de um processo histórico de transformação e diferenciação no uso de instrumentos mediadores. Representa também, a causa da elaboração de formas mais sofisticadas do comportamento humano que são chamadas “processos mentais superiores”, tais como: raciocínio abstrato, memória ativa, resolução de problemas etc.
É importante ressaltar a existência de vários níveis de letramento. Estes correspondem a diferentes graus, desde os mais simples aos mais complexos. Assim, caracteriza-se a leitura ou a escrita de um bilhete como um nível simples de letramento e a leitura de um romance ou elaboração de uma tese de mestrado representa um grau superior de letramento.
É função da escola compreender e desenvolver o processo de letramento junto à criança, incentivando-a a fazer uso contínuo da leitura e da escrita em seu espaço social, de acordo com seus interesses e necessidades. “(...) uma criança letrada (...) é uma criança que tem o hábito de habilidades e até mesmo o prazer da leitura e da escrita de diversos gêneros de textos (...)”.(SOARES, 2000)
Diante do conceito apresentado por Magda Soares, é oportuno salientar que não basta apenas “saber”, é preciso, sobretudo, “saber compreender” e “saber fazer” para atingir a dimensão das competências no mundo contemporâneo. Para isso, é essencial fazer leituras significativas, reconhecer que a linguagem ensinada na escola vai muito além de conhecimentos fragmentados. É importante contextualizá-los. É também, de fundamental importância perceber o aluno como sujeito construtor do seu próprio conhecimento e portador de conhecimentos prévios essencialmente significativos, que devem ser amplamente explorados e respeitados.
Nesse prisma, é importante repensar o perfil do professor alfabetizador, o seu verdadeiro papel que é o de parceiro, co-autor e mediador do conhecimento, aquele que organiza formas simples e adequadas para desenvolver as atividades de acordo com as necessidades, interesses e possibilidades dos alunos.
Para contribuir com o desempenho do professor alfabetizador é importante destacar algumas sugestões para reflexão da prática pedagógica:
• adequar à sala de aula às práticas sociais que fazem parte do cotidiano do aluno;
• planejar ações, levando o aluno a refletir sobre a função da linguagem e da escrita;
• mediar a aprendizagem do aluno voltada para as práticas sociais;
• desenvolver no aluno habilidades de leitura e escrita que funcionam dentro da sociedade ( leitura de jornais, revistas; produção de cartas, bilhetes, convites etc.);
• estimular no aluno a autonomia de ler e escrever tanto no espaço escolar como fora dele;
• respeitar o conhecimento prévio do aluno;
• avaliar continuamente o processo de aprendizagem das linguagens oral e escrita;
• promover a auto-estima e desenvolver as relações de convivência, cooperação e respeito;
• constituir o conceito de ser professor aprendiz;
. trabalhar sob a perspectiva dos gêneros textuais.
Nessa perspectiva, o incentivo da leitura e da escrita, através da perspectiva de gêneros textuais por parte da escola e essencialmente por parte do professor alfabetizador é fundamental, para o desencadeamento do processo de alfabetização e letramento, que obviamente culminará em uma sociedade leitora, crítica, atuante, autônoma e transformadora.