Litorâneos, uma pérola sergipana
Litorâneos, uma pérola sergipana
O livro de poesias cognominado, Litorâneos, do escritor sergipano, Ronaldson Sousa, lançado recentemente pela Editora do Diário Oficial surge como uma pérola rara encontrada num esconderijo de algas no fundo do oceano. Em seu novo trabalho, o poeta não economizou lirismo, nem lapidação literária em suas metáforas e comparações que torna a obra tão peculiar. O trecho a seguir não desmente a beleza poética, que envolve o leitor num misto de reflexão e sonho:
“E na rede é arma para verões e terríveis sedes.
Sei seu mínimo mar mineral
ondas de sais docinhos:
é uma lágrima de Deus
velada num cofre verdinho”.
Ao desenvolver sua poesia em Litorâneos, Ronaldson revela a experiência de um velho bruxo demonstrando partículas do seu conhecimento burilado através do tempo (versos livres, estrofes com ares contemporâneos, ausência de melancolia e explosão de alegria). Assim, seus versos seguem como o ritmo da boa música brasileira: leve, caloroso, sensual e atrativo.
“ Onda após onda, bicho sôfrego
ondas curvas de corpo sobre corpo
buscando visgos poros túneis
como um macho
comendo a fêmea” (...)
Litorâneos é um livro capaz de emocionar até mesmo os anti-românticos e aos descrentes do amor pela delicadeza das reflexões subjetivas que vão sendo esboçadas através dos seus noventa e um poemas que formam um conjunto de pedras preciosas, que tem o poder de fazer o leitor desligar-se totalmente das mesquinharias terrenas e das amarguras da vida.
“Um pôr-do-sol na colina
e sua frágil anilina.
Retê-lo nas mãos ninguém conseguiria.
Feliz quem pode
ver Deus e suas bijuterias”.
Feliz é quem tem o prazer ímpar de beber calmamente uma xícara de chá dos poemas impregnados de mel e ópio de Litorâneos antes de dormir, um livro preparado pelas mãos de Ronaldson Sousa com o auxílio de Deus. Pois somente uma força espiritual tão elevada quanto Deus pode inspirar tanta beleza. Nesse contexto, a obra é digna de percorrer caminhos bem mais distantes.