Preguiçosa tarde

Me entrego ao ócio

Primeiro entreabro a porta para não me surpreender com a desordem.

Já desisti de estabelecem alguma ordem. Meus pensamentos voam livres por ai.

Conheço cada canto, claro fui eu quem construiu. Meus segredos guardei.

O olhar prescruta algum pensamento novo ou algum sonho antigo que deixei para depois. Descobri o prazer de estar só!

De rir sozinha quando me apanho em pensamentos travessos; desejos que me fazer corar, ou um tema a ser escrito.

Isso me empolga, é como um nascimento. As idéias fervilham, eufóricas. Conseguem me tomar de uma ansiedade imensa.

Como um parto, quero ver o rosto.

Minha visita segue, encontro questões sem resposta, algumas urgentes também. Mas nessa tarde , não!

Decidi que nem um tema vai me pegar de assalto,me esvaziar as lágrimas; envolver minha ternura ou me indignar de perder a razão.

Vou simplesmente ler - poesia talvez. Tenho um novo livro. Um carinho de alguém que me inspira...

Não quero a seriedade do contexto, o meu ou do entorno. Me deixaria mais cansada e não é essa a intenção.

Na escrita , não importa o tema, me envolvo muito. Amo de forma doce, ou passional, me derreto em lágrimas de genuíno sofrimento.

Se falo do sofrimento de outrem, sou pura empatia. Por isso consigo falar de temas difíceis dos quais nunca vivi.

Hoje mergulho em mim, falo de mim. De certa forma um abrir gavetas para uma necessária limpeza. Talvez o fim do ano, talvez o compromisso de recomeçar a partir dali. Nova fase? Sei lá! Não escrevo por compromisso. Tem tempos que escrevo muito, outros me silencio. Assim deixo espaço para a vida me provocar e eu reagir escrevendo. Agora vou aproveitar a tarde preguiçosa, fechar os olhos e adormecer. Até!