“CERTO” OU “ERRADO” – ADEQUADO SÓ PARA AS ATITUDES!

Por Túlio Roberto

A sociedade está mergulhada no mar das acepções erradas em todos os campos que englobam a vida humana. Círculos e círculos se fecham cada vez mais, impossibilitando debates. E isso é estarrecedor porque, de certa forma, pensando no âmbito do ser humano como um ser totalmente social, uma única palavra de ordem não vai conseguir calar a sua voz. Basta vermos os grandes movimentos tanto fora quanto dentro do nosso país.

Trazendo esta ótica para a linguística, os falantes de língua portuguesa que, consequentemente não tiveram acesso a um ensino de qualidade, começaram a criar meios para comunicarem entre si, já que o “falar chique ficou apenas para os ricos” (dito popular). Aí entram também os neologismos, gírias e alternância de fonemas. Então, devemos ter um olhar mais compassivo, perante a realidade brasileira, para os falantes das diversas regiões do pais. Não é “feio” ou “ridículo” a maneira como o outro se expressa verbalmente. É cultura, pois cada variação regional carrega consigo uma bagagem cultural imensa.

Outro fato que me indigna são as pessoas que, por inúmeras razões (talvez as mais tolas possíveis) se acham no pleno direito de corrigir as pessoas. E, o ápice desse ato se dá na internet. Marcela Tavares, youtuber, viralizou com seus vídeos intitulados de “Não SEJE burro”, com uma série de assuntos do português que presenciamos todos os dias. Ora, youtuber, porque você não se auto educa? Pegue os livros de Ferdinand de Saussure ou Marcos Bagno e entenda que para a língua, “certo” ou “errado” são atitudes. “Adequado” e “inadequado” é que são para a fala. Mas, de nada valerá se a massa que a acompanha continuar nessa onda de preconceito. É hora de pormos um ponto final nessa história. Chega de fazer pessoas sofrerem por que você, com a velha concepção de gramática na cabeça, menospreza o outro. Chega de pôr estigmas em seus seguidores que, nas ruas, chamam de “burro” o primeiro que fala chicrete, preda, vrido, drento, yourgute. Ajude a melhorar o cenário brasileiro, ajude formar cidadão preocupados com a educação brasileira. E com a valorização das variações também.

https://www.youtube.com/watch?v=JDVHQlQfHeM

Referências:

BAGNO, Marcos. “Preconceito Linguístico – o que é, como faz”, 27ª ed. 2003, Edições Loyola, São Paulo.

“Não Seja Burro #4 “, Por Marcela Tavares. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=JDVHQlQfHeM