Deleituras...

Quem escreve e não gosta de ser lido, e ainda por cima, comentado? Ainda não vi vivalma, penada nem pelada, a se negar esse deleite de pura deleitura.

Afinal a escrita, ou o áudio, ou o vídeo, são formas de expressão que buscam uma comunhão, desde o mais despojado anseio ao mais despejado pavoneio...com tanto meio termo por recheio.

Desde meados de 2013 tenho frequentado diuturnamente as páginas do Recanto, com composições, leituras e interações. E o entretenimento, a cultura, o aprender, têm sido molas-mestras desse convívio.

Ao longo do tempo construí muitas amizades, apreços e admirações. A média de leituras lograda ao longo desses sete anos e meio é relativamente baixa, girando em torno de 18 pontos e alguma coisa. Somente quando, saindo do circuito recantista, lanço um texto em redes sociais é que consigo, com relativa folga avançar nas casas dos dois dígitos de leitura e, destarte, marcar presença no placar das cem mais lidas da semana. As interações que logro obter, sempre bem-vindas, a despeito de seu alto valor intrínseco, são numericamente modestas. E quando vejo membros da Confraria optarem pelo não recebimento de comentários a seus textos, fico por entender e até acho o gesto antipático ou esnobe...mas não deixo de ter uma pontinha de inveja...

Mas lhes dou o benefício mitigatório da leniência. A fama pode pesar, e alto preço cobrar. Vejam o caso do Mito que chega a se queixar de não ter mais tempo ou prazer de comer um pastel tomando um caldo de cana...em público, sem ser perturbado pela legião de seguranças e aduladores...

O grande e modesto Tostão chegou a ficar de sunga pela turba amiga quando das celebrações do tri campeonato no México...

Escrevo também num outro site, onde ingressei em 2002 e ao qual, depois de prolongada ausência retornei. Trata-se da Usina de Letras,

que em seus albores teve vida bem buliçosa e participativa. Lá experimentei com diversos pseudônimos, até adotar Brazílio, em caráter

mais duradouro. Na Usina hoje, mera fração do que foi, não há praticamente mais interações, e o número de assinantes é bastante reduzido, situando-se ao que percebo, em poucas dezenas. E no entanto, paradoxo dos paradoxos, tenho índices de leituras, atualizados, que já me aproximam do milhão, porquanto aqui no requintado e concorrido Recanto, patino na casa das 620 mil...

Isso tudo para dizer...que nem sempre um placar pode aplacar...? Como explicar...?

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 26/12/2020
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