AS ARTES EM GERAL

Na consideração dos motivos que ensejam a atividade artística, em qualquer das suas modalidades, a causa basilar da inspiração criativa repousa no direcionamento ascendente do pensamento às esferas que encimam o plano dos fatos observáveis pelos sentidos físicos compreensíveis pelo raciocínio lógico. Neste sentido, pode-se sugerir que a criação artística transcende o método racional de interpretação da realidade para atingir as esferas onde não existe a preocupação de tornar o universo compreensível. Os resultados finais do processo criativo são as obras de arte produzidas à luz da imaginação, sob o controle do sentimento e sem compromisso com a evidência, que é o critério da certeza científica.

A única certeza que existe nas artes em geral é a dúvida que questiona os temas já abordados pelo pensamento crítico, a fim de conferir ao mundo uma roupagem inusitada que só pode ser percebida pela sensibilidade do observador de modo a conduzi-lo a um estado momentâneo de alumbramento — objetivo precípuo do artista — que tem o talento de exprimir artisticamente o que é inexprimível cientificamente. Isso porque o homem, além de ser portador de uma dimensão mental, onde reside a capacidade de pensar, é também dotado de uma dimensão espiritual, onde repousa a capacidade de sentir. Assim como o estudo científico torna a natureza compreensível à razão, o trabalho artístico a torna sensível ao coração. O cientista conhece a natureza para subjugá-la, ao passo que o artista procura exaltá-la no que ela possui de encantador.