As torcidas organizadas e a violência no futebol

O enigma das torcidas organizadas de futebol gera uma demasiada e constante violência nos estádios mundo afora. "Hooligans" na Inglaterra, "Vikings" na Escandinávia; na Europa, berço do futebol moderno, onde os principais craques mundiais habitam, as principais e mais fanáticas torcidas são chamadas de "ultras". A denominação dos "brigões" varia de acordo com o lugar, mas a questão se repete.

O fanatismo em excesso é um problema, não somente no mundo esportivo, a história já nos mostrou inúmeras vezes que líderes fanáticos sempre acabam se dando mal no final. No futebol, temos um "fanatismo coletivo", torcidas em comunhão e organizadas, mas nem sempre em harmonia. A torcida do Corinthians, por exemplo, gosta de ser chamada de "bando de loucos".

Muito dos problemas de violência, dá-se entre torcedores do mesmo clube, mas de organizadas diferentes; no clássico "Fla-Flu", final da Taça Guanabara de 2017, ao acabar da partida, dois tricolores divergiram opiniões e um foi agredido. Fato era que nenhum deles fazia parte de organizada.

A rivalidade poderia ser chamada de "fator central da violência nos estádios". Esta que em sobejo é chamada de "clássico". Os clássicos são o sonho de todo torcedor, ganhar do rival é algo extraordinário, causa uma intensa sensação de prazer e ainda vale a “zoação” naquele amigo fanático. É também o jogo que causa mais mortes em partidas, muitas das torcidas marcam pontos de encontro antes, durante e depois do jogo para brigarem, muitas vezes até a morte. Isso mesmo, há homens que nem entram no estádio para apoiarem o seu time, só vão mesmo pela "adrenalina do dia de jogo".

Paralelamente forma-se uma máfia nas torcidas, tendo como base o tráfico de drogas, estas vendidas tanto dentro e fora dos estádios. Um caso extremo, na Itália, uma máfia ramificada de uma das "ultras" do Napoli, time de Nápoles, comandava todas as ações do seu time, escolhendo os jogadores, demitindo técnicos, e até ameaçando atletas, ocorrido com o ex-futebolista argentino Maradona.

O Grupamento Especial de Policiamento em Estádios, o GEPE, organização da Polícia Militar, muitas vezes identifica, captura, ficha e solta esses agressores. No próximo jogo, o mesmo cara está lá, fazendo a mesma besteira. A impunidade causa comodismo e "segurança" nos vândalos, enquanto o efeito na polícia é totalmente reverso, deixando-a despreparada, insegura, com um falso sentimento de superioridade, e assim, gerando policiais covardes. A proporção entre torcedores e rondais é ridícula; o Maracanã, por exemplo, tem em média 40.000 espectadores, enquanto o governo disponibiliza mil patrulheiros. Esse é o braço do Estado que deveria nos dar segurança.

Há estudos e pesquisas que viabilizam o fim ou, mais provável, a diminuição nas taxas de violência. Na Inglaterra, há um sistema que pune "Hooligans" e os bane de frequentar os estádios, os próprios clubes ajudam o sistema destinado a isso. A conscientização das pessoas e a educação, em tese, seriam o caminho mais prático e rápido, porém o que esperar de um cidadão que vai ao jogo para brigar, que não liga para as consequências e muitas vezes comete assassinatos? Até quando famílias terão medo de frequentar o ambiente? Quantas crianças começarão a torcer pelo Barcelona? Até quando toleraremos essa anomia?

Marquês de Verona
Enviado por Marquês de Verona em 15/04/2017
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