Trocando o dia pela noite

Tenho trocado o dia pela noite, não por causa da insônia, não pelo fato de ser escritor e ter toda aquela mecânica sobre a madrugada, tão pouco por causa do trabalho, afinal, no momento eu me encontro desempregado. Eu tenho trocado o dia pela noite, por causa da minha enxaqueca, que tem me assombrado cada vez mais.

Dia sim, dia não, a minha cabeça dói como nunca antes, me incomodo com a luz, me incomodo com o som, me incomodo com o próprio sol. Os analgésicos estão parando de fazer efeito, tenho procurado remédios mais potentes e quando nem esses ajudam, eu tomo dois, ou, três de uma só vez, eu vou com frequência a farmácia, o gerente já se tornou um amigo pessoal.

De fato, eu deveria procurar um médico, no entanto, mais verdade ainda é que eu já o fiz e ela disse que minha enxaqueca é crônica, nasceu comigo e vai morrer comigo, ela me disse que eu poderia fazer um tratamento para controlar as crises de encefálicas, assim, eu poderia controlar as crises de enxaqueca, então, eu estando diante desta solução milagrosa para a minha enfermidade, eu fiz o mais coerente para mim; virei as costas e fui embora.

Não me livraria das dores, apenas, as controlaria, mas, no fundo, eu me sinto bem por senti-las, senti-las puras, senti-las de forma natural, fazendo com que eu me esconda até mesmo de leves feixes de luz, tendo o conhecimento de varias marcas de analgésicos, trocando o dia pela noite, volta e meia, eu me sinto ficando meio louco, com vontade de arrebentar a minha cabeça na parede, ou, explodir o mundo para que reste somente o silencio e o escuro. Enquanto eu escrevo, a minha cabeça dói e eu estou sentado num canto, no escuro.