Pessimismo para a salvação mundial

Imagina acordar um dia, em torno de cinco horas da manhã, tomar banho, se vestir, tomar um bom café e se aprontar para correr, você sai na rua e olha para o horizonte e espera... Sem muito mais tempo, já seis e pouco da manhã, você vê o sol nascendo e em uma atitude facilmente tachada de insana, você desafia o sol para uma corrida, uma corrida até a linha do horizonte.

Você respira fundo e dispara, você sabe as técnicas de respiração de um corredor maratonista, a cada gole de água, você deixa o máximo que pode na boca, para não sentir ela seca e afastar o fantasma da sede... As horas passam, nove, dez, onze, meio-dia, o sol está alpino e arde com fúria, mas, você não se intimida, continua a sua corrida, com passos firmes, rápidos e ritmados, suas pernas podem ser retratadas com uma grande orquestra de músculos, trabalhando com o seu máximo.

O sol segue em seu caminho e você não o perde por nada, você acompanha atentamente a movimentação das nuvens, para não perder as passadas do sol... Com o decorrer das horas, já são três, quatro, cinco horas, você vê o sol cansando e baixando, enquanto você tenta manter o ritmo, tentando dar um impulso maior, você conta os minutos... O sino de uma igreja badala, são seis horas da tarde, o sol se deita suavemente sobre a linha do horizonte, você realmente sente que pode toca-lo, você acelera a corrida, que já estava no seu limite. Aos poucos, o sol vai sumindo-se no horizonte, e você nunca o viu tão perto, e num pulo heroico, você passa junto com o sol na linha do horizonte... E o que tem do outro lado? Um novo dia nascendo, igual ao anterior e com certeza, igual ao próximo, ninguém venceu, houve somente desgaste da sua parte.

Imagine que essa corrida, é para salvar o mundo, você vai matar a si mesmo e tudo vai estar do mesmo jeito, o mundo é predestinado a cair, assim como o sol deve nascer e se pôr, sem começo ou fim, o mundo deve cair.