Coincidências. EC .
Da fruta deliciosa sobrou uma semente, a qual displicentemente afundou em um canto de seu quintal.
O sol veio iluminou o dia, a noite refrescou o ar, mais um dia se foi. A chuva veio hidratando a terra, lavando as calçadas, tornando anil o que era gris.
A vizinha feliz cantava comemorando o retorno do esposo ao trabalho, após longa recuperação de um problema de saúde. Na rua as jovens, outrora crianças gritantes caminham tensos para suas provas de vestibular. O padeiro pomposo reinaugura sua padaria após moderna reforma. O farmacêutico lamenta o falecimento da cliente já tão antiga, que vinha há anos muito debilitada. E sua irmã, iludida, não perde oportunidade de comentar a leitura do culto dominical. Gira o planeta, segue a vida !
E o inverno surgiu, dormitando as flores para logo rebrotarem felizes e coloridas. Veio o Verão aquecendo desde dermes até anseios.
Tudo em seu ritmo normal, tal qual um relógio, que de tão perfeito dispensa qualquer bateria ou corda, afinal por um grande acaso o planeta se movimenta, o pulmão inspira e expira, e até as crianças são geradas.
Enquanto segue em seu ateísmo lógico e racional, lá no canto de seu quintal surge uma pequena árvore frutífera, a criação se refazendo diariamente para ele nada mais é do que mera coincidência.