Você tem preconceito? (EC)
Você tem preconceito?
A nação brasileira, todos sabemos, é multiétnica, multirreligiosa, pluricultural. Nos anos 1500, aqui chegaram povos da Europa, colonizadores, e povos africanos (imigração forçada, vieram escravizados e quando libertos - a partir de movimentos de resistência - aqui ficaram). Depois, vieram povos da Ásia, os negros-amarelos (portadores de mão-de-obra) e, hoje, contamos com mais de um milhão de imigrantes legalizados.
Somos, portanto, uma nação formada, em sua origem, pela miscigenação. O bom brasileiro se considera desprovido de preconceito - povo hospitaleiro, tolerante, cordato. A par disso, sofremos com o preconceito e a discriminação racial, posto que estamos ainda imbuídos de uma ideia romantizada, o mito da “democracia racial”, como afirmou Darcy Ribeiro – antropólogo e educador brasileiro – “o espantoso é que os brasileiros, orgulhosos de sua tão proclamada, como falsa, ‘democracia racial’, raramente percebem os profundos abismos que aqui separam os estratos sociais”.
É o que comprovam as notícias, os dados estatísticos e os fatos corriqueiros observados por nós, que nos apresentam um Brasil dividido e, pasmemo-nos, uma nação que não convive de modo pacífico com as diferenças. O grupo que mais sofre com o abuso de práticas preconceituosas e racistas, ainda hoje, é o negro, o homossexual e a mulher. Mas a lista é longa porque praticamos preconceito com a idade, o peso/tamanho, a religião, com o deficiente, com a questão social, com a questão territorial. E etc.
Somos ou não preconceituosos?
Se não somos preconceituosos, por que há manifestações racistas nos campos de futebol? Por que os negros sofrem ofensas racistas diariamente pelo fabebook, o maior site de relacionamentos no mundo?
Se não somos preconceituosos, por que nos calamos diante de piadas aparentemente inofensivas, mas que desrespeitam as individualidades - do negro, da mulher, do homossexual, do gordo, do magro, do baixo, do alto?
Se não somos preconceituosos, por que nos sentimos afetados por um beijo gay? Por que nos insurgirmos contra o casamento homoafetivo?
Se não somos preconceituosos, por que aplaudimos as propagandas em que se exacerba o corpo feminino perfeito?
Isso tudo deve nos fazer pensar. Precisamos urgentemente de mudanças no comportamento dessa sociedade. Alijar do nosso cotidiano ações e discursos preconceituosos é um bom primeiro passo. Mas, antes de tudo, é preciso nos reconhecer como uma nação multiétnica, plural e diversa.
Em casa, educar os nossos meninos e meninas para uma convivência mais harmoniosa, não discriminatória e, principalmente, promover o respeito pelo outro.
Este texto faz parte do Exercício Criativo – Você é preconceituoso?.
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