Manifesto feminista pelo 8 de março

Sou feminista assumida. Descobri isso recentemente, mas na verdade sempre fui. A criação que tive de meus pais foi baseada em não deixar que ninguém me oprimisse pelo fato de ser do sexo feminino. E desde que eu me conheço por gente, sempre tive posições determinadas quanto a me posicionar sobre diversos assuntos e situações na busca pela igualdade de gêneros. E já que não é possível que eu consiga fazer todo mundo deixar de ter atitudes machistas, então eu quero usar os ideais feministas para reivindicar proteção, segurança e oportunidades.

Que fique claro que eu não saio por aí com os seios à mostra nem fico urinando em qualquer lugar. Esta não é a ideia do feminismo que se aplica a mim, embora eu ache um absurdo as pessoas se chocarem mais com seios descobertos do que com o índice alarmante de violência contra mulher, já que foi preciso a morte de 130 mulheres para existir um único dia no qual sociedade se lembra de exaltar as características superficiais que são impostas a todas as mulheres sem levar em conta as particularidades de cada uma.

Eu acredito na definição de feminista que é defendida pela cantora Beyoncé: uma pessoa que acredita nos direitos políticos, econômicos e sociais dos sexos. Logo, a intenção desse artigo não é generalizar que nenhum homem presta ou que todos são inferiores e machistas. O objetivo do feminismo que eu defendo é a igualdade e tento fazer isso a favor de conquistar o que é meu por direito, sem atacar o outro lado. Vivemos em uma sociedade historicamente construída com bases no machismo. E é meu dever como feminista desconstruir isso dos ambientes em que convivo com pessoas que concordam e praticam esse tipo de ideia.

Não quero que o dia internacional de mulher seja banalizado e se transforme em mais uma data de consumo e capitalismo, comprando flores, presentes e mimos para as mulheres. Existe toda uma ideologia de busca por igualdade de gênero por trás da celebração desse dia. Mas é importante de o Dia Internacional da Mulher, assim como todos os outros os dias sejam utilizados para se refletir a respeito das diversas formas de repressão que as mulheres sofrem ao redor do mundo pelo simples fato de serem mulheres.

É desanimador ver o retrocesso brasileiro que algumas propostas da Câmara dos Deputados têm em questões de privar a mulher de suporte e auxílio em casos de agressões e gravidez por estupro. O mesmo vale para os "valores morais da igreja" que querem agir sobre o corpo e as escolhas das mulheres. Apesar disso, há alguns fatos um pouco animadores dentro desse contexto, como pode ser visto nas atitudes de Justin Trudeau, primeiro-ministro canadense, que nomeou mulheres para chefiar a metade de seus ministérios e a ONU que celebrou pela primeira vez, em 11 de fevereiro de 2016, o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, para promover a igualdade de gênero nas esferas da produção de conhecimento.

Por isso que eu, Natália, 19 anos, estudante de engenharia, feminista, quero ser livre para votar, para poder exercer, futuramente, minha profissão de engenheira sem me sentir depredada ou ser rebaixada de incapaz. Quero a liberdade de andar pela rua sozinha e não sofrer nenhum tipo de assédio desde um assobio até algo mais grave como um estupro, independente da roupa que eu estiver vestindo. Roupa nenhuma ou a ausência dela deve ser interpretada como um convite ou consentimento da mulher. Quero ampliar o alcance de minha voz, na luta por maiores oportunidades nas diversas áreas de atuação profissional e composição da sociedade sem ser reprimida. Por isso, transforme o “parabéns pelo seu dia” de 8 de março em respeito pelo ano inteiro.

Suzannah Harrison
Enviado por Suzannah Harrison em 10/03/2016
Código do texto: T5569755
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.