Narrativa do comportamento jovem - Ato único: Um Jovem de Garra, Narrado Num Texto Sem Sentido

Como pode pequenas memórias me causar tamanha nostalgia e um pequeno sentimento de sofrimento e dor? Não quero discutir a vida ou as dores da perda, violência ou do medo. Quero abordar as sensações de um solitário jovem. Quero abordar minha admiração pela garra de uma pessoa tão jovem e tão forte, tão forte mesmo!

Em meio tantos conflitos internos e externos, mas ainda inerentes a esse jovem, as diversas tentativas de conseguir resolver todos esses conflitos, gerir todas essas pressões que, vamos combinar, é demais para uma mente tão jovem. Sexualidade, família, trabalho, estudos, sede de conhecimento, música, vida social virtual, criar mentiras para disfarce de seus sentimentos, contenção de extinto por convenções sociais, projetos para o futuro, escrever, ler, sonhar, chorar, dramatizar, isolar, sofrer, amar, apanhar, ouvir, pensar, falar, decidir, deliberar, concluir, alterar. Será mesmo que uma mente tão jovem consegue ser forte quando há tantas pressões divergentes dentro de si e agregam ainda mais fatores externos tais como paradigmas religiosos, fundamentalismo políticos e sociais, lembranças de experiências cruéis, covardes e frias.

Sim, esse garoto ser forte.

Mas, por quanto tempo?

Será que ele não pensa em desistir, acabar com suas dores, pensamentos, perturbações, falta de paciência, finalizar as mentiras de que tudo está bem, que tudo é tão bom, quando na dura realidade não é.

Esse garoto pensa sim em fazer coisas “coisadas” – termo usado para tudo -, mas ele lembra que é muito jovem para brincar de morrer. Ele é feroz! Quer chegar até o fim do túnel e acredita veementemente que há uma saída no fim. E se não tiver saída, ele ainda é capaz de cavar, criar uma bomba com a terra sob seus pés, gravetos e minhocas. Empreendedor! Faz de um limão uma limonada e ainda adoça o limão com um sorriso, conseguindo uma venda rápida com sua facilidade de comunicação. Comunicação essa forçada, por ele, estaria em casa, experimentando a despersonificação para se descrever, digitando no computador de colo.

Apesar dos pensamentos, ele não quer que seus sonhos cheguem ao fim. Se ele pode se suicidar? Sim. Mas ele é forte demais para isso e além do mais, ele sabe que pode sofrer mais um pouco ou perseverar até conseguir um emprego que pague um salário mínimo e meio.

Ele forma suas próprias opiniões, mas não cria nenhuma verdade absoluta para si. “O que é verdade absoluta para todos? ” – Sempre se pergunta isso quando percebe que seu ego está se inflando demais.

Ele, o garoto, tem duas personalidades interligadas. Uma ele usa na sociedade, sempre sorridente, quando não, introspectivo, atento a tudo que aconteceu ao seu redor enquanto conversa com uma ou várias pessoas ao mesmo tempo, tímido com frequência e caladão quando sente que não se encaixa. A outra é ele mesmo, quando ele estar sozinho em casa, na paz do seu lar vazio, perde a timidez, e deixa de seguir padrões, fala fino, conversa sozinho, coloca suas divas pop para cantar no computador de colo.

Sim, ele é um garoto de apenas 16 anos, ele queria saber falar baixo e falar tão bem quanto escreve, ele cria contos, ele anda na praia, ele gosta de verdade das pessoas e mesmo as pessoas que ele não gosta, busca manter uma relação de respeito para uma boa convivência. Ele pode ser contraditório, mas ele não é mentiroso. Ele pode ser manipulador – e isso me assusta! – Mas quase sempre é um fracasso. Ele queria que não houvesse extremismo religioso nem ideológico, que as pessoas fossem livres, e que o mundo pensasse mais na quantidade de gente que está se matando nesse momento – enquanto você ler essa narrativa – por dor, medo ou pelo puro e nem sempre mal-intencionados julgamentos das pessoas.