Crise Hídrica, mero dissabor ou falta de planejamento?

Na véspera das eleições, a crise hídrica foi um assunto muito abordado, sobretudo nas redes sociais. Os oposicionistas do então candidato a governador que pleiteava reeleição, Geraldo Alckmin, apontavam-o como o principal culpado pela crise e racionamento que tem afetado a todos. Outros tantos que culpavam e criticavam os nordestinos pela reeleição do governo federal, dizendo que eles votavam no PT e vinham para São Paulo governado pelo PSDB, buscando uma vida melhor, eram rebatidos sendo acusados de praticar xenofobia e lembrados de que a situação hídrica nordestina é “menos pior” que a do nosso estado.

A falta de água que tem nos assolado, tem gerado uma enxurrada de críticas. Em um relatório da ONU, a relatora Catarina Albuquerque, aponta que houve falta de planejamento e indica o governo estadual como o principal responsável pelo fato, no entanto, segundo a IAG (Instituto de Astronomia e Geofísica) da Universidade de São Paulo, o Brasil passa pela temporada com menos chuvas desde 1969, portanto apontar um único culpado é limitar uma reflexão necessária para que avanços sejam consolidados quando essa fase passar.

Muitas das pessoas que atribuem ao governador a responsabilidade pela estiagem, se esquecem de uma série de fatos de suma importância. Em véspera de eleições é a época em que os políticos devem ser cobrados mais incisivamente e sem dúvidas, as reivindicações do povo tem mais chances de serem ouvidas e por consequência atendidas, visto que nessa época os eleitores tem o voto como moeda de escambo. Embora muitos eleitores critiquem a atual gestão, vale ressaltar que nenhum outro candidato apresentou soluções em seu programa de governo para combater o atual cenário.

Saindo do âmbito político e corroborando a afirmação anterior de não limitar a reflexão, vale mencionar que não é somente o nosso estado que vivencia uma crise nessa esfera. Notícias recentes, mostram que a cachoeira “Véu das Noivas” importante ponto turístico situado na cidade de Poços de Caldas-MG, está dando lugar a um filete de água em um paredão de rochas, sendo que inclusive pedalinhos e lanchas foram retirados da represa Bortolan que está quase vazia.

Um fator que muitos se esquecem quando se aborda o atual tema, é que a principal fonte de energia do país são as hidroelétricas e assim sendo, uma vez que falte água será necessário buscar outras alternativas para que o país não passe por uma crise elétrica também. Nesse aspecto o governo federal se planejou, utilizando as termoelétricas, que geraram um aumento de 20% nas contas como contrapartida.

Apesar de outras tecnologias terem sido utilizadas como alternativa na parte elétrica, pouco ou nada se fala em alternativas para se reaproveitar a água. Ainda sobre o relatório da ONU, é citado que o esgoto deve ser visto como um recurso, sendo que em países como Singapura, Japão e Suíça, a água do esgoto tratada, é misturada a água comum e mesmo assim possui uma excelente qualidade. Nos Estados Unidos, as pessoas que lavam os carros em tempos de seca são multadas.

Em uma passagem do livro “O Poder da Paciência”, no capítulo “A paciência nos coloca em harmonia com os ciclos da natureza”, a autora M.J Ryan compara as fases que as pessoas vivem com os ciclos da natureza, enaltecendo que os tempos de dissabores representam o processo de crescimento de qualquer ser vivo, salientando que se não houver harmonização com cada ciclo quando ele chega, jamais cresceremos e também lembrando que os ciclos ruins duram o tempo necessário mas sempre acabam. No filme “Vida de Inseto”, as formigas armazenam alimento, para que em épocas difíceis, tenham o que comer, estas reflexão devem ser estendidas para o atual cenário hídrico. Por último e nada menos importante, ao invés de criticar aos governantes, cada vez mais as pessoas devem se conscientizar da importância da água, bem como do papel de cada cidadão na sociedade, combatendo desperdícios. Se cada um fizer o seu papel, a atual crise será menos impactante e sem dúvidas, momentos como este dificilmente voltarão a se repetir.

Gui Machado
Enviado por Gui Machado em 04/11/2014
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