Em nós, os nós e a noz... (EC)
Era uma família muita unida!
No emaranhado de querenças, Juninho, que era o mais letrado, estabeleceu comparação entre os relacionamentos existentes entre os membros, seguindo o que estabeleciam as regras legais quando o assunto era divisão de bens entre familiares.
Dizia Juninho aos atentos familiares que na dinastia de seus avós paternos, Julio e Julia, seu pai Juliano era descendente em linha reta de primeiro grau dos avós. Em sendo assim, Janice sua irmã casada, era descendente em linha reta de segundo grau dos avós e João, seu filho, era descendente em linha reta de terceiro grau de Julio e Julia.
A família, alvoroçada, queria saber mais.
Fabiana, filha de Diogo, irmão de Janice, queria saber então, o que era de João. Sempre achou que era prima.
Juninho, pacientemente, explicou que Fabiana não estava errada. Na convivência comum, era sim prima de João. No entanto, para efeitos legais era prima em primeiro grau de João. E quando casasse e tivesse seu próprio filho ou filha, este ou esta seria primo ou prima em segundo grau de João...
E mais, se partisse de si própria em relação ao avós paternos Julio e Julia, era ascendente em linha reta de terceiro grau!
Em meio à balburdia geral que formou-se no entendimento dos vínculos parentescos que emanaram das explicações engendradas por Juninho, em um canto, o tio Jânio, convalescendo de uma ressaca homérica que havia obtido no dia anterior, ainda sonolento arguiu:
--- Que balaio de gato! Nesta altura, nem sabemos mais quem somos nós em meio a tantos nós!
Em meio a balburdia que gerou suas explicações, Juninho sorria enquanto pensava:
--- Efetivamente, agora só nos resta a nós, desatarmos nossos nós, degustando a nossa noz!
Este texto faz parte do Exercício Criativo - Nós de Nós
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