Sem tempestade, apenas 'acariciante' chuvinha de verão... (EC)

Chuvas ao Entardecer

Para alguns, chuvas a qualquer hora do dia representa um transtorno...

Sejam chuvas miúdas, médias ou torrenciais, são recebidas com pragas, lamúrias, achincalhamentos gerais...

Sem querer ser mais realista do que o Rei, costuma revidar expressões mais rudes de descontentamento direcionadas as providenciais águas que ‘caem do céu’, alegando que inoportunas para alguns são verdadeiras dádivas para muitos...

Só para exemplificar, enquanto os irmãos de certas regiões do majestoso estado do Rio de Janeiro são assolados por tempestades que levam ao desabrigo, destruição e até algumas mortes logo ao despontar de um novo ano, no ‘outro lado do mapa do Brasil’, moradores de regiões áridas chegam até fazer promessas para que a bendita chuva caia e venha minimizar as agruras a que são submetidas em virtude de sua escassez!

Então, como em tudo nesta vida, a unanimidade NUNCA é possível! Contentar gregos e troianos é tarefa humanamente impossível!

Então, só nos resta, observar esta dádiva da natureza, com olhos encantados e poéticos, sintetizando as alegrias exteriores e interiores que ela nos proporciona.

Em nosso tema anterior, abordamos o assunto Enquanto o sono não vem!

Muito pertinente, logo a seguir estamos abordando o tema Chuvas ao Entardecer!

Mas, perguntariam alguns menos afeitos às coisas da ‘sensibilidade’... O que é que tem a ver uma coisa com outra?

Em minha visão estritamente poética, consigo visualizar no cair de uma chuva vespertina, respingos batendo contínua e sistematicamente nos telhados, vidraças, quintais das residências, são um lenitivo de calmaria e colaboram de forma decisiva para a conciliação de um bom e reparador sono!

Lembro-me quando criança, nos dias em que intermitentes chuvas nos impediam de sair para executar reinações externas ao nosso lar, ocasiões nas quais nossos pais nos mantinham no interior da residência, sentíamo-nos agasalhados e protegidos, desfrutando dos bolinhos de chuva carinhosamente preparados por nossa veneranda mãe, sempre acompanhados de pipoca, bolo de fubá, café com leite e outras guloseimas também ofertadas pela nossa veneranda!

Aí, não havia ‘praguejamento’ ou reclamações outras acerca do estado de intempérie que vigorava no lado externo, nos locais nos quais frequentemente executamos nossas reinações!

Já na adolescência, os afagos, muitas vezes executados às escondidas nos localzinhos mais escuros dos becos da residência, eram executados entre um gole do chazinho com bolinho de chuva ou bolo de milho e uma ausência da mamãe zelosa que ‘deu uma fugidinha’ até a cozinha para repor o estoque de guloseimas...

Já na fase adulta, o ‘praguejamento’, as reclamações, o mau-humor ficavam por conta dos deslocamentos necessários para cumprir a jornada de serviço necessária à sobrevivência e as saídas inadiáveis que tinham de ser realizadas, sob chuva ou sob sol!

Em maior dose, reclamações contra o estado caótico do trânsito, do alagamento em algumas vias principais, do lixo atirado em via pública de forma irresponsável por alguns e que era arrastado pelas correntezas colaborando em muito com o entupimento dos bueiros e com o transbordar dos rios, riachos, córregos...

Este texto faz parte do Exercício Criativo - Chuvas ao Entardecer

Saiba mais, conheça os outros textos:

http://encantodasletras.50webs.com/chuvasaoentardecer.htm