A criança no ciclo da vida

A pensar fundo acerca do ciclo da vida, percebo que o ser humano é semelhante a um pequeno barco colocado em um extenso rio. Nesse espaço, várias são as histórias e lendas que ecoam nos dias de hoje. No cenário amazônico, então, nem se fala: Cobra Grande, Boto, Mãe D'água entre outras. Mas volto à minha comparação. Nessa mesma água, o barco de ribeirinhos e de grandes empresas apenas navegam, com ou sem o medo das histórias contadas sobre o rio. A criança quando chega ao mundo dorme quase todos os dias com as canções de ninar cantadas, geralmente pela mãe. E nessas canções surgem o Boi da cara Preta, a Cuca, além de ações não características de um ser inocente, como atirar um pau no gato. O barco flutua nas águas doces e salgadas, enfrenta grandes ondas, e sobretudo, conduz seus tripulantes. De igual modo é a criança que experencia as suas fases a conduzir um presente divino, que é a vida. E nessas fases, a criança se depara com as alegorias dos desenhos e, de certo modo, vive, mesmo que seja no sonho, as fantasias do mundo animado. Quem nunca se viu um dia com a mesma astúcia de Roben Hood? Com os sonhos de Cinderela? E com a imaginação do Bob - de O fantástico mundo de Bob? Pois é, mas chega uma outra fase, a de não ser mais criança em que o ser humano traz consigo todas as alegorias presenciadas em sua infância. E, consequentemente, surge a maturidade, aliás, somente para aqueles que compreenderam que as alegorias foram apenas uma fase, enquanto que os imaturos, ainda dormem no profundo sono das fadas. Chega a fase adulta, e o ser humano é semelhante a um barco, mas agora com uma complexidade acerca de sua existência. A criança brincava com barcos de papel dentro de uma bacia, ou piscina, algo que apresentava uma pequena extensão, uma forma finita. Hoje, o nosso querido Guimarães Rosa nos ensina que o barco da vida não está apenas dentro de duas margens, mas sim diante de sua terceira margem. Hoje, no dias das crianças é permitido relembrar os nossos desenhos preferidos, nossos brinquedos prediletos. É permitido ser criança outra vez, só não é permitido esquecer de voltar para a realidade e conduzir o barco da vida, diante de tantas margens.

Robson Rua
Enviado por Robson Rua em 12/10/2012
Reeditado em 26/01/2015
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