Apenas comentando

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Quando me ponho a pensar naquela mocinha, com seus quinze anos fugindo de madrugada com um recém nascido nos braços junto de seu marido, os dois apavorados, pois o rei queria matar seu filhinho. Maria e José foram servos fieis a Deus e sentiram em meio à alegria de serem escolhidos para fazer parte do plano salvador de Deus como é difícil fazer a opção por Deus em meio a este mundo. O ser humano não se cansa de querer ser igual a Deus e em sua busca desenfreada pelo poder e em seu medo desmedido de perder a posição e sempre buscando satisfazer seus prazeres mundanos sempre acaba por deixar de lado o verdadeiro amor e tenta a cada instante sufocar a verdadeira fonte de vida que brota no coração de Deus para nós.

Por varias vezes me pus a pensar naquele menino, criado por Jose e Maria. Maria uma dona de casa normal, silenciosa, observadora, carinhosa, entregue totalmente a vontade de Deus; Jose, homem simples, trabalhador fiel a Deus a ponto de assumir e adotar por filho aquele que foi enviado pelo altíssimo, carinhoso a seu modo, fiel a sua esposa, por profissão carpinteiro, home de fé. Criado com amor, sem grandes escolas, seus maiores professores foram seus pais, seus maiores companheiros foram seus pais e sua grande escola foi sua casa simples em Belém, Nazaré. Cresceu como uma criança normal naquela região não muito rica aprendeu o oficio do pai, cresceu sem aula de informática, sem usar nenhum tipo de leite sintético, sem o conforto da televisão ou de luz elétrica, de água encanada, chuveiro quente. Viajava a pé, não andava de carro, e devi brincar com os meninos da rua com brincadeiras naturais de crianças que correm, gritam se alegram com a simplicidade da vida. E vejo nascer o salvador do mundo da simplicidade, da pureza de quem nunca na vida precisou abraçar os grandes valores humanos, de quem nunca precisou ser mais do que era, de ter mais do que o necessário, nunca se entregou aos prazeres sem sentidos. E meu coração se entristece ao ver nossas crianças, ao perceber como andando educando, dos valores que andamos transmitindo, e da solidão em que elas andam vivendo. Desfaleço ao perceber o meio e mundo que estamos criando para que nossos filhos vivam, fico triste em ver a esperança que passamos para elas, das leis que criamos para a proteção delas que só tem as encaminhado para a morte, morte nas drogas, morte na sexualidade, morte profissional. Conseguimos manter em um meio familiar tão vazio e solitário que na verdade acabamos por matar sua vocação a felicidade, por não entendermos o que os pais devem dar ao seu filho, devemos dar incentivo para a vida feliz gerando em nosso lar mesmo na dificuldade o verdadeiro e fraterno amor. E triste perceber que entregamos nossos filhos ao mundo esperando que o estatuto do menor resolva tudo, esperando que a escola eduque, esperando que a sociedade acolha, e nos esquecemos que o principal é que nós sejamos a perfeita presença de Deus como pais, dando espaço em nossa família para que a graça da vida que é Jesus o Cristo aconteça em nosso lar.

Fico pensando naquele jovem carpinteiro, Jesus de Nazaré. Desde jovem trabalhando com martelo, prego, madeira. Talhando, pregando, serrando, aplainado peça a peça, agrupando formas deferentes de peças de madeira e formando assim moveis e assim gerando da madeira com pregos e martelo objetos para o conforto de outras pessoas. Tento imaginar o que se passava na cabeça dele, sabendo de sua origem, sendo ele mesmo senhor de tudo e de todos, consciente da condição humana que assumira, tendo consciência de ser Deus, sabendo de tudo o que iria ocorrer em sua existência humana e mais ainda, sabendo para que usariam martelo, pregos e madeira em sua vida, sabendo o que esses objetos significaria no fim de sua existência como homem. Ainda assim tinha a paciência de seguir de cabeça erguida, sem depressão, sem pensar em suicídio ou em fugir de seu destino, trabalhava serenamente caminhando dia a dia, sem pestanejar, sem se esconder em drogas, sem esquecer-se de quem era sem perder sua identidade. Assumiu e viveu a vida para assim nos redimir de nossas faltas. Ele sabia que era impossível redimir sem assumir a condição e se fez homem, imagem e semelhança, mais ainda rosto humano de Deus, rosto divino do home para assim elevar o nosso simples ser humano a ser a Deus.

Daí me nasce uma esperança e por isso busco crer mesmo sem ver, busco esperar e confiar, sentindo apenas o vento suave do espírito que paira sobre cada um de nós.

Tenho certeza de que em breve todos perceberam que é impossível não aceitar o amor que brota das mãos daquele que tanto amou que deu sua vida seu sangue por nós.

A solução esta simplesmente em deixarmos Jesus nascer de novo no ventre de nossa família e assim com nossas famílias libertas dos valores do mundo, a verdadeira vida renascera. Nossa pátria não é esta terra, nosso reino não é deste mundo, e nossa vida começa verdadeiramente no coração da sagrada família que é o coração de Jesus, que é o próprio Deus.