Televisão: uma parte da culpa

O diálogo familiar está em extinção nas famílias brasileiras cabendo à televisão assumir o papel de educador dos filhos da casa. Mas educar de que maneira se a programação em sua quase totalidade é repleta de violência?

Basta ligar a TV no horário em que a programação é voltada para o público infantil para se deparar com as aventuras dos desenhos “animados”: são pequenos bonecos nenhum pouco em forma de humanos dotados de poderes capazes de destruir a terra, são humanos lutando utilizando a força física para mostrar quem é o mais forte num combate, são máquinas inventadas pelo homem chamadas de robôs lutando entre si. Aplicando a teoria do físico Newton: “para toda ação há uma reação” chega-se à conclusão de que as crianças não estão fazendo nada mais, ou nada menos de que um fenômeno físico, reagindo. Só que o lugar escolhido por elas para praticar determinadas reações é bem distante daqueles mostrados na televisão cobertos da fantasia, é um cenário mais real – a sociedade.

As agressões físicas entre irmãos, primos ou colegas são produtos de uma imagem sádica formada pelas personagens de determinados desenhos em que, o objetivo da obra era despertar a aventura no telespectador – criança – quando na verdade o que é despertado é o oposto, a desventura, nos responsáveis pelos menores de idade. A ausência de uma relação mais aberta na base do diálogo dentro dos lares brasileiros tem sido um dos maiores fatores responsáveis pelo embaralhamento na mente de um menor de idade. Um exemplo disso está nas cenas das telenovelas em que geralmente existe um vilão fazendo o mal a um bonzinho. Quando essas imagens vão ao ar a primeira expressão soada pelo papai ou pela mamãe é: “meu filho vá para o seu quarto, ou então, vá estudar. A omissão dos responsáveis na explicação da dramaturgia desperta a curiosidade na criança, levando-a à prática daqueles atos violentos.

A dramaturgia nada mais do que uma aproximação da realidade social. Por que então as emissoras de televisão não adotam a extinção das cenas de violência, principalmente na programação infantil, para formar uma nova realidade alicerçada na paz?

Impedir as crianças de assistirem à televisão não seria a solução, pois se assim fosse a sociedade estaria regredindo, renunciando o conhecimento, responsável pela tecnologia. E voltar ao tempo em que não se existia televisão não é muito interessante, porque lá também existia violência. No entanto, o que ainda está faltando, desde aqueles tempos até os atuais é a implantação do diálogo entre pai e filho, para que o primeiro possa esclarecer ao segundo o lamentável funcionamento da sociedade onde ambos vivem, marcada pela gritante oposição: violência x paz.

Robson Rua
Enviado por Robson Rua em 04/04/2009
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