GRAFFITI - MUDANÇA COLORIDA - CAPÍTULO 7

GRAFFITI

MUDANÇA COLORIDA – capítulo VII

De repente, Deise percebeu no papel amassado que o desenho se movia, como se Murilo acordasse e quisesse se levantar da figura.

Aos poucos o quarto foi se iluminando e a luz ofuscou os olhos dela de tal forma que ela não conseguiu ver mais nada. Teve que fechar os olhos.

Segundos se passaram e quando tudo voltou ao normal, Deise abriu os olhos e viu perto da porta, Murilo, caído no chão, muito suado e tentando se levantar.

O desespero da mudança de desenho para humano o fazia se debater contra a parede. Seu corpo de grafite foi-se transformando em humano e ele caiu mais uma vez desmaiado.

Deise correu para ele e o abraçou, chorando.

- Murilo! Fala comigo, meu amor! Você está a salvo agora. Está tudo bem. Acorda...

Ela conseguiu com muito esforço, colocar o rapaz em sua cama e não conseguiu dormir mais. Cuidou dele todo o tempo e, ver seu rosto ali, tão vivo, tão humano, tão perto dela parecia um sonho. Parecia mais sonho do que antes.

O dia amanheceu. Quando o sol começou a entrar pela janela do quarto, batendo no rosto dele, ela o viu acordar.

Murilo abriu os olhos e olhou para ela. Deise sorriu.

- Oi! Você está vivo! – ela disse sorrindo. – Bem vindo ao meu mundo...

O rapaz abriu e fechou os olhos várias vezes e olhou em volta. Sorriu também. Depois, hesitante ainda, ergueu uma das mãos e olhou para ela, sem acreditar.

- Agora quem não acredita sou eu...

Ergueu-se com dificuldade e sentou-se na cama.

- Como pesa ser humano!

- Eu imagino... ela disse, sorrindo ainda extasiada.

Murilo olhou mais uma vez em volta do quarto.

- Esse é seu quarto?

- É, durante as férias.

- Seu avô só é econômico com os personagens. É lindo! Diferente...

- Colorido?

- É... ele disse, olhando para si mesmo, todo de preto e branco.

- Como vamos explicar isso pro Cris?

Murilo encolheu os ombros, rindo em seguida, tocando o próprio braço.

- Não faço a mínima ideia. Só acho ótimo estar aqui e não... com aqueles caras.

Ele colocou a mão na nuca sentindo a dor da pancada.

- Eles me pegaram de jeito...

Ele recolheu a mão e viu que estava sangrando levemente. Riu disso.

- Eu estou sangrando...

- Eu vou colocar alguma coisa aí, Deise disse.

Quando ela ia se levantar, a porta se abriu e Delano apareceu.

- Deise, o que houve com me...

Ao ver Murilo, o cartunista estacou e ficou olhando para ele boquiaberto.

- Você?!

- Oi... disse Murilo com um sorriso amarelo.

- O quê... O que ele está fazendo... O que significa isso, Deise? – ele perguntou lentamente para a neta.

- Vovô, esse é o... Murilo.

O rapaz não abriu mais a boca. Sentia um certo medo por estar tão próximo do seu criador.

- Como...? Quem é você?

- É o rapaz da sua estória, Cris, ela continuou.

Delano aproximou-se mais dele e não conseguiu desmentir a neta. Seria impossível haver alguém tão parecido com seu personagem.

- Acho... que eu ainda não acordei... Eu devo estar sonhando...

- Não está, falou Murilo. - Eu também não sei como aconteceu, mas... sou eu mesmo. Sinto ter estragado tudo.

Delano ainda olhava para ele sem acreditar.

- Foi por isso que eu quis que você mudasse o final da estória, Cris.

- Ele não existe, Deise... falou Delano, sem tirar os olhos do rapaz.

- Ele está aqui na nossa frente, vô!

- Porque a sua imaginação e a minha estão dando força a ele. Delas depende a vida dele, filha. Ele é pura ilusão!

Deise olhou para Murilo que retribuiu o olhar e confirmou. Ela suspirou e disse com confiança.

- Mas, se depender de mim, ele nunca vai deixar de existir. E, se você quiser, podemos mantê-lo aqui pra sempre.

- Não! – Delano gritou. – Você vai voltar para aquela prancheta, mocinho. Eu não sei como você saiu de lá, mas vai voltar. Você é um trabalho meu já vendido e eu não vou me arruinar com isso.

- Cris! – Deise exclamou.

- Nenhuma palavra, Deise. Mande-o de volta... ou eu mando.

Delano saiu do quarto. Deise ficou olhando para a porta e seus olhos se encheram de água.

- A decisão é sua agora, disse Murilo.

- Não vou mandar você de volta.

- Nem eu quero ir.

- Eu vou fazê-lo mudar de ideia, você vai ver.

Murilo sorriu. Saiu da cama e foi até a janela. Olhou a praia totalmente encantado.

- Meus olhos nunca viram um mar assim... como no seu mundo.

- Azul?

Ele olhou para ela.

- Azul...

- Não há cores no seu, não é?

- Cores... É isso que faz as coisas serem diferentes, não é?

- É. Você vive num mundo em preto e branco.

- Preto e branco... Isso eu conheço.

Ele olhou para as próprias roupas e sentiu-se horrível diante de tudo que estava a sua volta.

- Quer mudar de roupa? – ela perguntou sorrindo.

- E vestir as suas?

Deise riu.

- Não, claro que não! Vem comigo.

- E seu avô?

- Ele está lá em cima, aposto, tentando achar um jeito de mandar você de volta. Vem.

Deise o levou a outro quarto no final do corredor. Ao entrar, Murilo olhou em volta, reconhecendo tudo sem saber como.

- O quarto do seu pai...?

- Como você sabe?

- Eu não sei... está na sua cabeça. Eu faço parte da sua imaginação, lembra? Sei de tudo que seu cérebro registra ou registrou.

Ela sorriu. Começou a vasculhar as gavetas e tirou delas uma calça jeans, uma camiseta azul claro e uma malha vermelha. Colocou tudo sobre a cama.

- Divirta-se. Vou sair pra você se trocar.

Ela saiu do quarto. Murilo ficou sozinho e olhou para as roupas. Começou a vesti-las e quando foi olhar-se no espelho não conseguiu ver o próprio reflexo. Sentiu-se triste e uma ligeira tontura o fez sentar-se na cama. Deise abriu a porta.

- Está pronto?

Ela entrou no quarto e olhou para ele, sorrindo.

- Você ficou lindo. Ficou muito bem. Quem sabe te vendo assim, meu avô não muda de ideia e decide deixar que você fique.

- Acho que não vai adiantar nada, Deise.

- Por que não?

- Eu não faço parte desse mundo.

- Mas está aqui, não está? Existe como eu.

Murilo ergueu-se e foi para a frente do espelho novamente.

- Não...

Deise viu-se sozinha no espelho e ficou chocada.

- Seu avô tem razão... É melhor eu voltar pra prancheta. Se ele mudar o sentido da estória, já vai me ajudar muito. Eu não quero morrer. Quando eu decidi que ia ser um personagem dele, eu sabia que corria o risco, mas eu queria te ver, falar com você... E eu já fiz isso. Fico feliz por você ter feito parte do meu mundo e da minha mente por algum tempo... Eu te amo... mas tenho que voltar.

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MUDANÇA COLORIDA - CAPÍTULO 7

OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!

FAZEI DE NÓS INSTRUMENTOS DE VOSSA PAZ!

NÃO PERMITA QUE NOS APARTEMOS DE VÓS

QUE NOSSA SENHORA NESSE SEU DIA NOS ABENÇOE

E INTERCEDA POR SEUS FILHOS E FILHAS!

DEUS ABENÇOE A TODOS!

PAZ E BEM!

OBRIGADA PELA VISITA!

Velucy
Enviado por Velucy em 12/10/2020
Código do texto: T7085327
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