Provérbios Do Cambiante; IV, V, VI

 

IV. Após receber asas de águia,

Somente um tolo as trocaria por asas de um pardal.

 

V. Não conseguia com a boca reproduzir meus pensamentos;

Bebi vinho,

E recitei versos de ouro.

Bebi mais;

Minhas palavras me enfocaram.

 

VI. Caminha um homem solitário no deserto.

Sobre a areia nunca há passos firmes.

 

O solo ruborizado é visto por todos os lados.

Em brasas à cabeça o sol lhe veste.

A desidratação o privou do frescor das lágrimas.

Nutrir-se é um ato já esquecido.

Ele ainda assim anda, e anda.

 

Não está desorientado e sem rumo.

Porquanto a morte é pousada para todos.

João Flávio
Enviado por João Flávio em 28/12/2023
Reeditado em 14/01/2024
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