Na Minha Vida

Na minha vida

Na minha vida tem os cachorros de rua (dos quais eu sou patrono),

tem os frentistas (dos quais eu sou patrono),

tem as empregadas domésticas (aí você é patrona).

Na minha vida música e literatura, de boa e má qualidade,

mais o sol no meio das árvores, alguma dor e muitas vontades.

Na minha vida tem Marte no meio do céu, tem o céu da Bahia, das 4 estações, tem o céu estrelado de Jaú, tem tantas lembranças e de tantos céus que meu coração se apazigua em nome de tantos e tão bons alimentos.

Na minha vida tem o dia, tem a promessa de muita vida, e em meio às

virtudes e aos defeitos, à precisão dos fatos e a parca compreensão dos mesmos, vou rumando ora com muita vontade, ora com passividade, porque na soma dos dois compassos ou bem vislumbro o que é certo ou errado, ou bem concluo que a melhor estrada às vezes passa por ambos. Ou passava?

Na minha vida tem você, que chegou em boa hora e já no principio

talvez tenha dito a que veio. Desde então na minha vida tem a gente,

aos trancos e barrancos, aos beijos e afagos, um ir e vir de descobertas mil, Deus sabe até quando.

Na minha vida tem cinema, teatro e televisão, o mundano e o profano,

à luz do dia e à luz da noite, tem a noite e tem o dia, pureza e poesia,

tem amores antigos e um sossego novinho, corpo e alma, os corpos e

as almas, os laços doces salgados das amizades que não acabam e das famílias que já foram.

E se fosse falar a fundo sobre essa oitava maravilha,

que é de fato a minha vida, não poderia deixar de fora a linha

do horizonte, o dom do improviso e a presença de espírito, itens ainda

não domesticados mas sempre almejados, e tampouco poderia omitir dessa lista a intimidade conquistada com quem se gosta, e com aquilo que se gosta, mais o beijo molhado nos filhos pequenos embutindo um

amor que de tão grande estarrece.

Na minha vida tem trabalho, empreitas, desafios,

tem esperança, mais um coração que não se cansa (mentira),

mais uma nova fase, que eu não conheço nem ela a mim,

mais uma nova mulher, que eu não conheço nem ela a mim,

mais uns medos e umas mazelas, uns brados de guerra e uns

suspiros de paz, que no cumprimento do destino vão se fundindo,

todos os elementos num só, uma pequena grande história,

luta, luz e acalanto, enganos e desenganos, uma força que move

repousa infinita, a minha vida.

(para Sylvia - 07/99)

Bernard Gontier
Enviado por Bernard Gontier em 18/02/2008
Reeditado em 09/11/2013
Código do texto: T865152
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