Saudade

Hoje acordei sonolento, quase grogue, sem ter tomado nenhuma bebida na noite anterior. No entanto, eu não desejava falar sobre Ela. Ela que cresceu e viveu ali, naquele prédio, até os seus últimos dias, aos trinta e poucos anos. Não sei exatamente qual era a idade dela, mas isso não a fez uma senhora, pelo contrário, Ela era bem jovem. É verdade que Ela costumava trocar de apartamento, mas sempre no mesmo edifício. Isso a tornou uma figura conhecida e reconhecida na comunidade. Mas Ela era e ainda é o meu ponto de partida ali no prédio, o aforismo para os meus escritos. Mas, sem Ela, não teria nada para publicar, uma vez que ainda é a notícia mais esperada do prédio. Sempre alegre e elegante, cumprimentava um a um funcionários e moradores. Sempre pegando nas mãos dos que trabalham e moravam perto dela. Dizem que Ela depositava as suas palavras em vasos de plantas. Quando Ela faleceu, encontrei nos seus escritos os verbos TER e PODER em decomposição.

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 16/05/2024
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