Ah!

O dia amanheceu turvo, frio, sem nada que pudesse despertar o ânimo de quem estava por ali. Era uma tarde escura de uma terça-feira de inverno. Uma grande quantidade de indivíduos andava pela via sem perceber nada. Não era possível visualizar os detalhes do edifício. Parecia que ele estava num profundo sono. No entanto, o idoso estava presente, como costuma fazer todos os dias. Caso chovesse ou estivesse sol, o banco desgastado e encardido recebia as impressões digitais do idoso. De acordo com relatos, a via não seria a mesma sem sua a presença marcante. O que se sabe é que ele não tem filhos nem esposa. Entretanto, naquele dia específico, ele começou a observar o topo do edifício como se estivesse procurando por alguém. Observava cada andar com frequência, como se estivesse esperando por uma aparição divina em uma das janelas. Um outro idoso, um pouco mais velho, chegou e começou a olhar a esmo - sem ter certeza de onde estava olhando. Um apontava para o quinto andar e o outro para o terraço, permanecendo assim até que outras pessoas se juntassem a eles. Ao anoitecer, uma multidão olhava para o edifício sem saber o que estavam procurando.

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 15/05/2024
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