Poema inacabado

 


                                                                               A vida estava...

Estava no olhar, nas palavras, no escutar, estava nos desejos, no silêncio de saber amar, era a vida mostrando a sua outra face, porque ela estava nas paredes em ruínas sem cor, estava naquela calçada desmoronada, no verde do lodo escorregadio, estava na cor da flor que por entre os escombros, nascia...

 

Era ela, a vida fada, a vida vilã, que estava no topo, estava no abismo, nas pedras, estava no sopro dos ventos, das incansáveis marés banhando a areia, ela, a vida em movimento... Estava em alto mar, no veleiro a se esconder de olhares perdidos, estava no segredo escrito num cantinho do seu convés, escondido.

 

A vida estava, sempre esteve, mas você não queria senti-la, arrumava qualquer desculpa, entregava-se a sentimentos sofridos, só para não correr para os braços da vida, que a chamava, sorria, e pelos campos floridos, a vida escorria...

 

Era por você que a vida gritava, em vão... sempre em vão. Até que um dia, diante do espelho, uma criança lhe sorriu, foi um sorriso diferente, inocente, e dali saiu, começou à cantar, saiu beijando as flores, ela gritava o seu nome, quando a cena foi lhe cativando, o seu coração se desarmando, e sem perceber, estava você outra vez aí pelo mundo, pedindo mais vida e forças, e de tanto amor por aquela alma criança, suspirando.

 

Descobriu por fim ...

Ah! A vida é mesmo esse poema inacabado, é essa vontade de acordar todos os dias, a vida é enxergar esse sorriso tão lindo que a sua criança traz no olhar, tomar as suas mãos e continuar a cada dia, com um novo jeito de caminhar.

 

Liduina do Nascimento




 

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Enviado por Liduina do Nascimento em 22/02/2024
Código do texto: T8004425
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